Contos da Tartaruga Dourada

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Contos da Tartaruga Dourada

  • R$ 44,80

    R$ 56,00
O conjunto dos Contos da Tartaruga Dourada, escrito no século 15, é considerado o ponto fundador da prosa coreana. Conectadas por ideias sobre o amor romântico, a interação entre o mundo dos vivos e o dos mortos e comentários sobre política e religião, as histórias forneceram um modelo de romance que seria usado em séculos por vir. O livro, recheado de referências aos clássicos chineses, combina a prosa às poesias e canções, a literatura fantástica à filosofia, a erudição à sensualidade. A qualidade lírica das frases e a descrição sensível dos eventos rendem ao conjunto a sofisticação de um romance. Outro ponto de interesse no estilo narrativo de Kim Si-seup é o sincretismo entre elementos xamânicos, budistas, taoístas e neoconfucionistas. “Um jogo de varetas no Templo das Mil Fortunas” traz um protagonista que desafia o Buda pela promessa de um amor eterno. Em “Yi espreita por cima da mureta”, a união improvável de um casal é atravessada pela turbulência da guerra. “Embriaguez e deleite no Pavilhão Azul” mostra o encontro extranatural de um poeta com uma descendente da realeza. “Visita à Terra Flutuante das Chamas do Sul” tem como centro um embate de ideias filosóficas e religiosas entre um estudioso e um rei do submundo. Já “O banquete esvanecido do palácio do Fundo das Águas” conclui e arremata a reunião revisitando temas das histórias anteriores e mostrando um personagem em caminho de iluminação. As histórias se passam em diversos locais dos reinos coreanos e os protagonistas se veem imersos em experiências fantasmagóricas inexplicáveis a eles e alienantes para aqueles que os rodeiam. Em meio às aventuras sobrenaturais, o autor também oferece detalhes da sociedade da época e dos modos de vida considerados louváveis – que os personagens apresentados nunca conseguem atingir e com os quais se chocam na busca pelos seus desejos. O encontro entre o real e o irreal marca um descompasso entre as formas de realização pessoal e a estrutura política e simbólica vigente, conflito comum em épocas de ruptura, como a que os reinos coreanos viviam. Estes fios condutores podem permitir também que o livro seja lido como a história caleidoscópica de um só personagem. O fascínio das narrativas se apresenta tanto pelo seu conteúdo quanto pelo contexto histórico e pela vida de seu autor (que acredita-se ter servido de inspiração para as ficções). A circulação da obra coincidiu com o raiar do Estado coreano: o domínio da dinastia Goryeo, o Reino da Alta Beleza (918–1392), foi tomado pela dinastia Joseon, o Reino das Manhãs Calmas (1392–1897). A drástica mudança foi principalmente filosófica: findaram-se quase mil anos de domínio budista e estabeleceu-se um Estado neoconfucionista – eis aí a ruptura que fornece a tensão de todo o volume e que faz com que esta seja a primeira obra de ficção por um autor coreano. Na década de 1470, quando estima-se que Kim Si-seup tenha se afastado da corte e peregrinado à Montanha da Tartaruga Dourada para compor as histórias, a prosa de ficção não era algo apreciado – para os ideais confucionistas, só eram justificáveis escritos de louvação filosófica e ideológica. Na época, apesar de o alfabeto fonético coreano (hangeul) já ter sido promulgado, a literatura era feita com os caracteres chineses, usados na versão original destas histórias. O feito extraordinário do autor foi, portanto, criar narrativas fantasiosas que servissem como expressão de seus ideais sobre o amor, a poesia, a política e as artes, ao mesmo tempo em que apresentava a erudição necessária para que as obras pudessem entrar no cânone da nova nação. Suas histórias foram compiladas na Ásia em diversas vezes, mas acabaram perdidas. O resgate contemporâneo da obra na Coreia se deu em 1927, quando o poeta Choi Nam-sun encontrou a obra no Japão e a publicou-a na revista literária coreana Gyemyeong. Só em 1999 foi descoberta, numa biblioteca chinesa, uma edição coreana em xilogravura datada do século XVI.
Características
Autor Kim Si-seup
Biografia O conjunto dos Contos da Tartaruga Dourada, escrito no século 15, é considerado o ponto fundador da prosa coreana. Conectadas por ideias sobre o amor romântico, a interação entre o mundo dos vivos e o dos mortos e comentários sobre política e religião, as histórias forneceram um modelo de romance que seria usado em séculos por vir. O livro, recheado de referências aos clássicos chineses, combina a prosa às poesias e canções, a literatura fantástica à filosofia, a erudição à sensualidade. A qualidade lírica das frases e a descrição sensível dos eventos rendem ao conjunto a sofisticação de um romance. Outro ponto de interesse no estilo narrativo de Kim Si-seup é o sincretismo entre elementos xamânicos, budistas, taoístas e neoconfucionistas. “Um jogo de varetas no Templo das Mil Fortunas” traz um protagonista que desafia o Buda pela promessa de um amor eterno. Em “Yi espreita por cima da mureta”, a união improvável de um casal é atravessada pela turbulência da guerra. “Embriaguez e deleite no Pavilhão Azul” mostra o encontro extranatural de um poeta com uma descendente da realeza. “Visita à Terra Flutuante das Chamas do Sul” tem como centro um embate de ideias filosóficas e religiosas entre um estudioso e um rei do submundo. Já “O banquete esvanecido do palácio do Fundo das Águas” conclui e arremata a reunião revisitando temas das histórias anteriores e mostrando um personagem em caminho de iluminação. As histórias se passam em diversos locais dos reinos coreanos e os protagonistas se veem imersos em experiências fantasmagóricas inexplicáveis a eles e alienantes para aqueles que os rodeiam. Em meio às aventuras sobrenaturais, o autor também oferece detalhes da sociedade da época e dos modos de vida considerados louváveis – que os personagens apresentados nunca conseguem atingir e com os quais se chocam na busca pelos seus desejos. O encontro entre o real e o irreal marca um descompasso entre as formas de realização pessoal e a estrutura política e simbólica vigente, conflito comum em épocas de ruptura, como a que os reinos coreanos viviam. Estes fios condutores podem permitir também que o livro seja lido como a história caleidoscópica de um só personagem. O fascínio das narrativas se apresenta tanto pelo seu conteúdo quanto pelo contexto histórico e pela vida de seu autor (que acredita-se ter servido de inspiração para as ficções). A circulação da obra coincidiu com o raiar do Estado coreano: o domínio da dinastia Goryeo, o Reino da Alta Beleza (918–1392), foi tomado pela dinastia Joseon, o Reino das Manhãs Calmas (1392–1897). A drástica mudança foi principalmente filosófica: findaram-se quase mil anos de domínio budista e estabeleceu-se um Estado neoconfucionista – eis aí a ruptura que fornece a tensão de todo o volume e que faz com que esta seja a primeira obra de ficção por um autor coreano. Na década de 1470, quando estima-se que Kim Si-seup tenha se afastado da corte e peregrinado à Montanha da Tartaruga Dourada para compor as histórias, a prosa de ficção não era algo apreciado – para os ideais confucionistas, só eram justificáveis escritos de louvação filosófica e ideológica. Na época, apesar de o alfabeto fonético coreano (hangeul) já ter sido promulgado, a literatura era feita com os caracteres chineses, usados na versão original destas histórias. O feito extraordinário do autor foi, portanto, criar narrativas fantasiosas que servissem como expressão de seus ideais sobre o amor, a poesia, a política e as artes, ao mesmo tempo em que apresentava a erudição necessária para que as obras pudessem entrar no cânone da nova nação. Suas histórias foram compiladas na Ásia em diversas vezes, mas acabaram perdidas. O resgate contemporâneo da obra na Coreia se deu em 1927, quando o poeta Choi Nam-sun encontrou a obra no Japão e a publicou-a na revista literária coreana Gyemyeong. Só em 1999 foi descoberta, numa biblioteca chinesa, uma edição coreana em xilogravura datada do século XVI.
Comprimento 19
Edição 1
Editora ESTAÇÃO LIBERDADE
ISBN 9788574482842
Largura 14
Páginas 176

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