Em obras: Os trabalhadores da cidade de São Paulo entre 1775 e 1809
Em obras: Os trabalhadores da cidade de São Paulo entre 1775 e 1809
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Nosso trabalho parte da contraposição às imagens de pobreza e isolamento da São Paulo colonial para problematizar a cidade tomando suas atividades econômicas, a construção da cidade e seus habitantes, a partir de suas questões próprias e não apenas em comparação à prosperidade de outros contextos históricos ou de outras regiões da colônia. Nesta dissertação, mostramos que a exploração econômica e a defesa militar exercidas pelos paulistas articulavam-se na formação de uma rede de vilas, cidades, capitanias e continentes, que mobilizavam sua população e definiam seu modo de vida. Para demonstrar essa hipótese, circunscrevemos como objeto de pesquisa a cidade de São Paulo, entre os anos de 1775 e 1809, analisada por meio das obras públicas que a construíram e reconstruíram. Para discutir as questões referentes à construção do espaço e à população da cidade, utilizamos como fontes primárias principais os seguintes conjuntos documentais: atas das reuniões da Câmara, correspondências dos capitães-generais, maços de população (recenseamentos do período), mapas e os registros de obras públicas municipais contidos na documentação de receitas e despesas da Câmara - esse último grupo conta com cerca de 500 manuscritos inéditos, em que constam informações sobre os participantes e as atividades nos canteiros. A articulação desses dois temas - espaço e população - por meio da análise dos documentos à luz das questões levantadas permitiu-nos ampliar o entendimento sobre o crescimento da cidade e as relações entre seus habitantes, desfazendo as imagens de uma cidade esvaziada e de ocupação tipicamente rural. O elemento central dessa revisão são os trabalhadores de obras públicas, que se identificavam por sua atividade profissional, configurando um campo de trabalho próprio, com empreitadas frequentes. A formação desse campo só foi possível por conta das estratégias de transmissão de saberes e práticas, que ocorriam no interior das casas e no próprio canteiro. A Câmara, espaço central de decisões políticas, completava o quadro de lugares desse processo, no qual incluímos ainda escravos, agregados e mulheres, que cumpriam funções indispensáveis. Por fim, as disputas e diferenciações entre os habitantes e os espaços da cidade conduzem-nos à conclusão de que a cidade de São Paulo, no final do período colonial, não pode ser compreendida de outra forma, senão por suas características majoritariamente urbanas.
Características | |
Autor | AMALIA CRISTOVÃO DOS SANTOS |
Biografia | Nosso trabalho parte da contraposição às imagens de pobreza e isolamento da São Paulo colonial para problematizar a cidade tomando suas atividades econômicas, a construção da cidade e seus habitantes, a partir de suas questões próprias e não apenas em comparação à prosperidade de outros contextos históricos ou de outras regiões da colônia. Nesta dissertação, mostramos que a exploração econômica e a defesa militar exercidas pelos paulistas articulavam-se na formação de uma rede de vilas, cidades, capitanias e continentes, que mobilizavam sua população e definiam seu modo de vida. Para demonstrar essa hipótese, circunscrevemos como objeto de pesquisa a cidade de São Paulo, entre os anos de 1775 e 1809, analisada por meio das obras públicas que a construíram e reconstruíram. Para discutir as questões referentes à construção do espaço e à população da cidade, utilizamos como fontes primárias principais os seguintes conjuntos documentais: atas das reuniões da Câmara, correspondências dos capitães-generais, maços de população (recenseamentos do período), mapas e os registros de obras públicas municipais contidos na documentação de receitas e despesas da Câmara - esse último grupo conta com cerca de 500 manuscritos inéditos, em que constam informações sobre os participantes e as atividades nos canteiros. A articulação desses dois temas - espaço e população - por meio da análise dos documentos à luz das questões levantadas permitiu-nos ampliar o entendimento sobre o crescimento da cidade e as relações entre seus habitantes, desfazendo as imagens de uma cidade esvaziada e de ocupação tipicamente rural. O elemento central dessa revisão são os trabalhadores de obras públicas, que se identificavam por sua atividade profissional, configurando um campo de trabalho próprio, com empreitadas frequentes. A formação desse campo só foi possível por conta das estratégias de transmissão de saberes e práticas, que ocorriam no interior das casas e no próprio canteiro. A Câmara, espaço central de decisões políticas, completava o quadro de lugares desse processo, no qual incluímos ainda escravos, agregados e mulheres, que cumpriam funções indispensáveis. Por fim, as disputas e diferenciações entre os habitantes e os espaços da cidade conduzem-nos à conclusão de que a cidade de São Paulo, no final do período colonial, não pode ser compreendida de outra forma, senão por suas características majoritariamente urbanas. |
Comprimento | 23 |
Edição | 1 |
Editora | ALAMEDA |
ISBN | 9788579393556 |
Largura | 16 |
Páginas | 232 |