Casas onde eu morei, As

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Ler poesia é como ver, na cristaleira, uma fruta exótica de origem ancestral e degluti-la lentamente, pausadamente, ao domingo. Na leitura, desde a casca, da poesia de Vanessa Buffone, pode-se sentir que dentro e fora de suas casas há sempre um ar de colóquio, misterioso e denso: “Entre esqueletos de etiquetas e códigos de barra, / usar os vestidos que sobram, / papagaio de fogo em trajes de metáfora”.

O leitor deste prefácio (nunca uma prefacies) não se assuste, pois vou ser breve e não é oportuno brilhar com teorias literárias. O texto de Vanessa é o que “vale quanto pesa”. Nome de sabonete da minha memória, depurador das ilações e brilhantinas dos outros.

Uma voz de poetisa nova saiu porta afora para o encontro de quem possa e queira ler excelente poesia.

E, assim, contradigo e brinco com Witold Gombrowicz, cáustico contra os bardos, no seu livro, antes conferência ou “disertación”, Contra los poetas (Buenos Aires: Mate, 2004. p.36 e 37), oportuno e brigador: “La más seria dificultad de orden personal y social que debe afrontar el poeta proviene que él, considerándose superior como sacerdote de la poesia, se dirige a sus oyentes desde arriba [...]”. Este não é um “atributo” de Vanessa Buffone, pois a sua poesia de poetisa está atada ao seu passado e ao presente. Se o leitor sente-se “abaixo” é por falta de sensibilidade poética. Afinal, a poesia não dá câncer na vista.

Os que se acham poetas, de rimas e metros, fiquem atentos, pois a poesia é coisa da esperança-folha, de um bicho-folha, um “tetigoniídeo”.

Assim dito, desejo a este livro de estréia todo o caminho e corredeira para o leitor anônimo.
Características
Autor Vanessa Buffone
Biografia Ler poesia é como ver, na cristaleira, uma fruta exótica de origem ancestral e degluti-la lentamente, pausadamente, ao domingo. Na leitura, desde a casca, da poesia de Vanessa Buffone, pode-se sentir que dentro e fora de suas casas há sempre um ar de colóquio, misterioso e denso: “Entre esqueletos de etiquetas e códigos de barra, / usar os vestidos que sobram, / papagaio de fogo em trajes de metáfora”.

O leitor deste prefácio (nunca uma prefacies) não se assuste, pois vou ser breve e não é oportuno brilhar com teorias literárias. O texto de Vanessa é o que “vale quanto pesa”. Nome de sabonete da minha memória, depurador das ilações e brilhantinas dos outros.

Uma voz de poetisa nova saiu porta afora para o encontro de quem possa e queira ler excelente poesia.

E, assim, contradigo e brinco com Witold Gombrowicz, cáustico contra os bardos, no seu livro, antes conferência ou “disertación”, Contra los poetas (Buenos Aires: Mate, 2004. p.36 e 37), oportuno e brigador: “La más seria dificultad de orden personal y social que debe afrontar el poeta proviene que él, considerándose superior como sacerdote de la poesia, se dirige a sus oyentes desde arriba [...]”. Este não é um “atributo” de Vanessa Buffone, pois a sua poesia de poetisa está atada ao seu passado e ao presente. Se o leitor sente-se “abaixo” é por falta de sensibilidade poética. Afinal, a poesia não dá câncer na vista.

Os que se acham poetas, de rimas e metros, fiquem atentos, pois a poesia é coisa da esperança-folha, de um bicho-folha, um “tetigoniídeo”.

Assim dito, desejo a este livro de estréia todo o caminho e corredeira para o leitor anônimo.
Comprimento 20
Edição 1
Editora FUNDACAO CASA DE JORGE AMADO
ISBN 9788572780933
Largura 11
Páginas 86

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