Ultrapassando os limites da barreira geográfica e cultural, o livro Cerejeiras e cafezais: uma história das relações médico-científicas entre Brasil e Japão sugere ao leitor uma reflexão acerca do intercâmbio nipo-brasileiro nas pesquisas sobre as principais doenças que afligiam a população das duas nações no final do século 19 e início do século 20, como lepra, verminoses, febre amarela e malária.

“A proposta de celebrar a presença de 1,5 milhão de brasileiros descendentes de japoneses saiu do lugar-comum de recontar meros aspectos da história de imigrantes para se aprofundar na análise de um dos componentes deste caleidoscópio – a trajetória dos cientistas japoneses em missões de pesquisa no Brasil no início do século 20”, diz Célia Sakurai no prefácio da obra.

O centenário da imigração japonesa no Brasil fez surgir importantes publicações abordando a contribuição dos imigrantes japoneses à cultura brasileira. Cerejeiras e cafezais aborda a trajetória de cientistas japoneses em missões de pesquisa no Brasil no início do século XX e as contribuições relevantes que esse intercâmbio trouxe para os dois países.

Os estudiosos da área da ciência se interessarão pelas contribuições historiográficas sobre o intercâmbio científico associado a grandes fluxos migratórios; a origem e desenvolvimento da medicina japonesa após a era Meiji e o enfrentamento de graves problemas domésticos, como superpopulação, fome e epidemias; a política de emigração do Japão, pontuada pela preocupação com a saúde dos japoneses em território brasileiro, a biografia de grandes cientistas do século 20; os caminhos e descaminhos da pesquisa científica.

Para quem aprecia o estudo das humanidades em geral, em Cerejeiras e cafezais relevantes aspectos culturais, sociais e políticos das primeiras décadas da República são apresentados pelo prisma da questão da saúde.