Sobre o erro
Sobre o erro
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Victor Brochard (1848-1907) alcançou notoriedade no mundo acadêmico com esta tese de doutoramento, "Sobre o erro", apresentada em 1879, que logo se tornou um pequeno clássico. Nos anos seguintes, realizou brilhante carreira: recebeu o prêmio Victor Cousin, obteve o primeiro lugar em concurso da Academia de Ciências Morais e Políticas e foi nomeado, sucessivamente, conferencista da Escola Normal Superior, catedrático de história da filosofia antiga na Sorbonne e membro do Institut de France. Tornou-se um dos mais prestigiosos professores de filosofia da França.<p>
Aqui, não lhe interessam erros, ditos assim, no plural. Deseja compreender o que é o erro em si mesmo: é confundir uma coisa que se sabe com uma que não se sabe, é afirmar aquilo que não é, é embaralhar duas representações, é tratar uma sensação como uma ideia? Como o erro ocorre, tão frequentemente, em inteligências voltadas para conhecer a verdade? Por que aparece sob tantas formas diversas? Como consegue dissimular-se entre verdades, misturando-se com elas? Como se combinam inteligibilidade, paixão e vontade? Depois de repassar elegantemente as teses de Platão, Descartes e Spinoza, com muitas referências a Leibniz, Brochard apresenta uma doutrina própria, influenciada por Kant, que examina o erro a partir de três abordagens: lógica, psicológica e metafísica.<p>
Errar é um privilégio do homem. Ele é o único ser que se engana, justamente porque é o único capaz de atingir a verdade. Pode fazer filosofia e ciência porque é livre, e, nesse sentido, está acima dos animais. Mas, por ser livre, erra mais seriamente que eles. O princípio metafísico do erro é a liberdade.<p>
O pensamento humano não percebe diretamente aquilo que é. Quando triunfa, é por tentativas, muitas das quais vãs, pois o pensamento falso não difere essencialmente do verdadeiro: ambos são formados de acordo com as mesmas leis. Por isso, o espírito não se dirige espontaneamente para a verdade. Tem de buscá-la com esforço. "Cada uma das verdades que são o orgulho da nossa ciência começou como um erro, ou, pelo menos, como um paradoxo."<p>
Brochard crê que a verdade pode ser encontrada e a certeza é legítima, mas ressalta o valor da prudência. Quem pensa não pode evitar o erro, mas pode corrigi-lo. Seja qual for a força da nossa crença, muitos outros também buscaram a verdade antes de nós e tiveram igual certeza, com igual boa-fé, o que não impediu que errassem. A nossa própria trajetória é cheia de desvios, retornos e obstáculos. O triunfo da verdade é uma obra contingente da liberdade, e só a liberdade cura os males que ela mesma pode causar. Em vez de nos espantarmos ao ouvir opiniões diferentes das nossas, em vez de as condenarmos de antemão, é preciso acolhê-las sem cólera, discuti-las sem ódios, admitindo o direito ao erro
Aqui, não lhe interessam erros, ditos assim, no plural. Deseja compreender o que é o erro em si mesmo: é confundir uma coisa que se sabe com uma que não se sabe, é afirmar aquilo que não é, é embaralhar duas representações, é tratar uma sensação como uma ideia? Como o erro ocorre, tão frequentemente, em inteligências voltadas para conhecer a verdade? Por que aparece sob tantas formas diversas? Como consegue dissimular-se entre verdades, misturando-se com elas? Como se combinam inteligibilidade, paixão e vontade? Depois de repassar elegantemente as teses de Platão, Descartes e Spinoza, com muitas referências a Leibniz, Brochard apresenta uma doutrina própria, influenciada por Kant, que examina o erro a partir de três abordagens: lógica, psicológica e metafísica.<p>
Errar é um privilégio do homem. Ele é o único ser que se engana, justamente porque é o único capaz de atingir a verdade. Pode fazer filosofia e ciência porque é livre, e, nesse sentido, está acima dos animais. Mas, por ser livre, erra mais seriamente que eles. O princípio metafísico do erro é a liberdade.<p>
O pensamento humano não percebe diretamente aquilo que é. Quando triunfa, é por tentativas, muitas das quais vãs, pois o pensamento falso não difere essencialmente do verdadeiro: ambos são formados de acordo com as mesmas leis. Por isso, o espírito não se dirige espontaneamente para a verdade. Tem de buscá-la com esforço. "Cada uma das verdades que são o orgulho da nossa ciência começou como um erro, ou, pelo menos, como um paradoxo."<p>
Brochard crê que a verdade pode ser encontrada e a certeza é legítima, mas ressalta o valor da prudência. Quem pensa não pode evitar o erro, mas pode corrigi-lo. Seja qual for a força da nossa crença, muitos outros também buscaram a verdade antes de nós e tiveram igual certeza, com igual boa-fé, o que não impediu que errassem. A nossa própria trajetória é cheia de desvios, retornos e obstáculos. O triunfo da verdade é uma obra contingente da liberdade, e só a liberdade cura os males que ela mesma pode causar. Em vez de nos espantarmos ao ouvir opiniões diferentes das nossas, em vez de as condenarmos de antemão, é preciso acolhê-las sem cólera, discuti-las sem ódios, admitindo o direito ao erro
Características | |
Autor | VICTOR BROCHARD |
Biografia | Victor Brochard (1848-1907) alcançou notoriedade no mundo acadêmico com esta tese de doutoramento, "Sobre o erro", apresentada em 1879, que logo se tornou um pequeno clássico. Nos anos seguintes, realizou brilhante carreira: recebeu o prêmio Victor Cousin, obteve o primeiro lugar em concurso da Academia de Ciências Morais e Políticas e foi nomeado, sucessivamente, conferencista da Escola Normal Superior, catedrático de história da filosofia antiga na Sorbonne e membro do Institut de France. Tornou-se um dos mais prestigiosos professores de filosofia da França.<p> Aqui, não lhe interessam erros, ditos assim, no plural. Deseja compreender o que é o erro em si mesmo: é confundir uma coisa que se sabe com uma que não se sabe, é afirmar aquilo que não é, é embaralhar duas representações, é tratar uma sensação como uma ideia? Como o erro ocorre, tão frequentemente, em inteligências voltadas para conhecer a verdade? Por que aparece sob tantas formas diversas? Como consegue dissimular-se entre verdades, misturando-se com elas? Como se combinam inteligibilidade, paixão e vontade? Depois de repassar elegantemente as teses de Platão, Descartes e Spinoza, com muitas referências a Leibniz, Brochard apresenta uma doutrina própria, influenciada por Kant, que examina o erro a partir de três abordagens: lógica, psicológica e metafísica.<p> Errar é um privilégio do homem. Ele é o único ser que se engana, justamente porque é o único capaz de atingir a verdade. Pode fazer filosofia e ciência porque é livre, e, nesse sentido, está acima dos animais. Mas, por ser livre, erra mais seriamente que eles. O princípio metafísico do erro é a liberdade.<p> O pensamento humano não percebe diretamente aquilo que é. Quando triunfa, é por tentativas, muitas das quais vãs, pois o pensamento falso não difere essencialmente do verdadeiro: ambos são formados de acordo com as mesmas leis. Por isso, o espírito não se dirige espontaneamente para a verdade. Tem de buscá-la com esforço. "Cada uma das verdades que são o orgulho da nossa ciência começou como um erro, ou, pelo menos, como um paradoxo."<p> Brochard crê que a verdade pode ser encontrada e a certeza é legítima, mas ressalta o valor da prudência. Quem pensa não pode evitar o erro, mas pode corrigi-lo. Seja qual for a força da nossa crença, muitos outros também buscaram a verdade antes de nós e tiveram igual certeza, com igual boa-fé, o que não impediu que errassem. A nossa própria trajetória é cheia de desvios, retornos e obstáculos. O triunfo da verdade é uma obra contingente da liberdade, e só a liberdade cura os males que ela mesma pode causar. Em vez de nos espantarmos ao ouvir opiniões diferentes das nossas, em vez de as condenarmos de antemão, é preciso acolhê-las sem cólera, discuti-las sem ódios, admitindo o direito ao erro |
Comprimento | 21 |
Edição | 1 |
Editora | EDITORA CONTRAPONTO |
ISBN | 9788578660055 |
Largura | 14 |
Páginas | 220 |