Militão Augusto de Azevedo: Fotografia, história e antropologia

Militão Augusto de Azevedo: Fotografia, história e antropologia

Militão Augusto de Azevedo: Fotografia, história e antropologia

  • EditoraALAMEDA
  • Modelo: 9V90326
  • Disponibilidade: Em estoque
  • R$ 57,80

    R$ 68,00
Clicar São Paulo em meados do século XIX não era tarefa fácil. Essa cidade de barro, que mantinha e fazia conviver sinais dos novos tempos, com o perfil colonial, que insistia teimosamente em permanecer e perdurar, era tarefa de Militão; ao mesmo tempo um artista e um artesão. O fotógrafo padecia de uma espécie de “complexo de Nabuco”, uma vez que se a realidade com a qual lidava diariamente era brasileira (e pior, paulistana), a imaginação continuava europeia. Ou seja, nosso artista, como bom artista, não se afastava de seu contexto, ou do imaginário desse momento, e tentava encontrar uma imagem progredida dessa urbe ou mesmo “admirável”. No entanto, o que sua lente gravava era bastante distinto, uma vez que temporalidades variadas conviviam: a pressa desse final de século, com a morosidade do tempo das carroças e da poeira fácil; a era da miríade de invenções, com uma população pouco afeita a tanta novidade. Militão, por seu turno lidava de maneira ambivalente diante da realidade com que diariamente se deparava. Sua clientela não era tão distinta como gostaria de apostar; São Paulo escapava do modelo que então se idealizava.
É essa personagem fascinante, mas em tudo contraditória, que Íris Morais Araújo persegue, tal qual detetive atento a qualquer sinal ou pista que lhe permita perscrutar o mistério ou desvendar a incógnita. Nada parece escapar ao olhar da pesquisadora, que descreve o contexto, analisa a biografia de seu objeto dileto – fotógrafo e fotografia –, descobre documentos e os submete a uma operação de cruzamento analítico. Cruzar fontes é seu ofício, e é por isso que a investigação não se contenta em se limitar à análise das fotos de Militão. Ao contrário, Íris explora com primor as cartas legadas pelo artista, assim como recupera um velho Índice; um belo e inesperado indício das redes de sociabilidade, não sem dificuldades, construídas pelo fotógrafo.
Ao invés de engrossar “o coro fácil dos contentes”, ou melhor, daqueles que só identificam nas fotos de Militão sinais do progresso e de otimismo diante da evolução social e urbana experimentada em São Paulo, Íris desconfia e, fiel ao espírito da antropologia, persegue “o olhar do observado”: o brilho das lentes de seu fotógrafo. E o resultado é não só impactante como bastante contraditório: se Militão encantou-se, sim, com a possibilidade de desenhar São Paulo como uma corte futura – republicana até –; de alguma maneira estranhou a particularidade da urbanização local. Talvez por isso progresso tenha que ser pensado no plural, como causa e não resultado; começo de conversa e não conclusão do tipo “viveram felizes para sempre”.
Características
Autor ÍRIS MORAIS ARAÚJO
Biografia Clicar São Paulo em meados do século XIX não era tarefa fácil. Essa cidade de barro, que mantinha e fazia conviver sinais dos novos tempos, com o perfil colonial, que insistia teimosamente em permanecer e perdurar, era tarefa de Militão; ao mesmo tempo um artista e um artesão. O fotógrafo padecia de uma espécie de “complexo de Nabuco”, uma vez que se a realidade com a qual lidava diariamente era brasileira (e pior, paulistana), a imaginação continuava europeia. Ou seja, nosso artista, como bom artista, não se afastava de seu contexto, ou do imaginário desse momento, e tentava encontrar uma imagem progredida dessa urbe ou mesmo “admirável”. No entanto, o que sua lente gravava era bastante distinto, uma vez que temporalidades variadas conviviam: a pressa desse final de século, com a morosidade do tempo das carroças e da poeira fácil; a era da miríade de invenções, com uma população pouco afeita a tanta novidade. Militão, por seu turno lidava de maneira ambivalente diante da realidade com que diariamente se deparava. Sua clientela não era tão distinta como gostaria de apostar; São Paulo escapava do modelo que então se idealizava.
É essa personagem fascinante, mas em tudo contraditória, que Íris Morais Araújo persegue, tal qual detetive atento a qualquer sinal ou pista que lhe permita perscrutar o mistério ou desvendar a incógnita. Nada parece escapar ao olhar da pesquisadora, que descreve o contexto, analisa a biografia de seu objeto dileto – fotógrafo e fotografia –, descobre documentos e os submete a uma operação de cruzamento analítico. Cruzar fontes é seu ofício, e é por isso que a investigação não se contenta em se limitar à análise das fotos de Militão. Ao contrário, Íris explora com primor as cartas legadas pelo artista, assim como recupera um velho Índice; um belo e inesperado indício das redes de sociabilidade, não sem dificuldades, construídas pelo fotógrafo.
Ao invés de engrossar “o coro fácil dos contentes”, ou melhor, daqueles que só identificam nas fotos de Militão sinais do progresso e de otimismo diante da evolução social e urbana experimentada em São Paulo, Íris desconfia e, fiel ao espírito da antropologia, persegue “o olhar do observado”: o brilho das lentes de seu fotógrafo. E o resultado é não só impactante como bastante contraditório: se Militão encantou-se, sim, com a possibilidade de desenhar São Paulo como uma corte futura – republicana até –; de alguma maneira estranhou a particularidade da urbanização local. Talvez por isso progresso tenha que ser pensado no plural, como causa e não resultado; começo de conversa e não conclusão do tipo “viveram felizes para sempre”.
Comprimento 20
Edição 1
Editora ALAMEDA
ISBN 9788579390326
Largura 18
Páginas 272

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