Este livro contribui significativamente para restituir à pesquisa acadêmica o compromisso com a condição humana, em preocupante declínio desde que o neoliberalismo, com sua insidiosa capacidade de propagar discursos celebratórios do mercado, da competição e do lucro, se infiltrou em áreas das humanidades. Resulta do mergulho em Acari um comovente encontro com o outro que vive na escassez, mas nunca perde a fé e se reconhece no sentido do pertencimento existencial, espiritual e cultural à comunidade. O que torna o livro ainda mais relevante é a senda de luz por ele aberta ao relatar, com riqueza de detalhes, as vertentes de expressão artística em um território relegado a absurdo esquecimento ou intencional marginalização pela mídia, pelas chamadas indústrias culturais e pelo poder.