Em dez ensaios, Adalberto Müller propõe uma profunda reflexão sobre a natureza das imagens, seus processos tradutórios e suas dimensões estética, política e histórica. De acordo com Alex Martoni, os textos "são tecidos em um estilo singular, cuja marca é o pensamento em fluxo, no qual imagem puxa imagem: da imagem poética à cinematográfica; da imagem plástica à musical; da musical à poética; as imagens são postas em rotação, interpenetrando-se em um sofisticado movimento analógico. Trata-se, portanto, de uma prática ensaística que não se satisfaz com a incursão, mas que convida o leitor à excursão, a uma promenade pelas imagens-pensamento, pavimentada por uma escrita repleta de jogos de linguagem em cujos períodos ocorrem encontros inusitados entre Walter Benjamin e Chico Buarque, Vilém Flusser e Emily Dickinson, Guimarães Rosa e Robert Bresson, Drácula e 'Coração das trevas', entre muitos outros".


Para Justin Read, o autor "é capaz de fazer análises detalhadas de um poema e de usar a mesma técnica de leitura para uma instalação de Cildo Meireles, uma peça radiofônica de Orson Welles, um conto de Guimarães Rosa, um filme de Roberto Farias, ou qualquer coisa do mundo. O que está em jogo na questão da 'imagem' aqui não é uma interpretação do que as imagens significam; ao invés disso, o crítico busca saber como as imagens são produzidas. Os poemas de João Cabral de Melo Neto, por exemplo, não apenas criam uma imageria de palavras – seus poemas são eles próprios imagens. São literalmente janelas que moldam o modo como o sujeito vê os objetos, e como a linguagem se relaciona com as coisas – e se abrem para a emoção. Do mesmo modo, o crítico não está tão interessado no aspecto concreto das palavras-imagens de Augusto de Campos ou nos coelhos verdes de Eduardo Kac em si mesmos; ao contrário, parece interessado em saber como essas coisas, em virtude de seus respectivos processos-de-produção, entram poeticamente em contato com práticas de vida".