A questão agrária na América Latina é um tema indiscutivelmente atual. E os estudos existentes são fundamentais para entender os violentos antagonismos de classes existentes nos países latino-americanos que têm sua origem na gritante desigualdade decorrente da formação dos grandes latifúndios.
Em Terra e capitalismo, Cristiane Checcia toma como exemplo a Colômbia de meados do século XIX para auxiliar na compreensão da dupla dimensão das reformas liberais empreendidas na América Latina da época, ao mesmo tempo em que era promulgada a Lei de Terras no Brasil. A violência decorrida da expropriação de terras das comunidades indígenas e as manifestações de resistência por elas promovidas, os conflitos entre os partidos Liberal e Conservador que se estenderam pelo século XX (lembrados também no célebre romance de Gabriel García Márquez, Cem anos de solidão) são apenas algumas das questões fundamentais abordadas pela autora. A existência nesse período de uma imprensa dinâmica na Colômbia é outro fator de destaque do livro.
Com a América Latina novamente em evidência no noticiário internacional graças às agitações que ocorrem na Venezuela, Bolívia, Equador e na própria Colômbia, a interpretação histórica contida na obra é mais uma ferramenta para auxiliar na compreensão não apenas do passado, mas especialmente do estado atual de uma região do planeta que, apesar do Brasil também fazer parte, não dispensa uma atenção satisfatória. E ajudar a vislumbrar os rumos que podem vir a ser tomados pela América Latina a curto, médio e longo prazo.