Expressão notável de cultura popular, o circo é apresentado neste livro como uma paisagem cultural capturada a partir de obras de artistas não circenses. O autor Gilmar Rocha propõe uma interpretação antropológica do imaginário artístico e cultural referente ao circo, ou seja, às representações fixadas na literatura, na música, nas artes plásticas, no cinema, no teatro, produzidas por artistas de variadas escolas, estilos e tendências. Explora aspectos como a chegada do circo às cidades, as representações de artistas circenses e dos animais e a dimensão política.


Segundo Rocha, "em regra, o circo é sempre um passaporte para o mundo da imaginação e da cultura. Não se trata, contudo, de um mundo de ilusões, falso, irreal, ainda que povoado por seres alados, animais exóticos, acrobacias extraordinárias que invadem nossos sentidos, pensamentos e corpos; antes, é sempre um mundo de sensações, fantasias e artes que adentram o picadeiro quando as cortinas se abrem à nossa frente".


Para o autor, "o circo é uma dessas paisagens maravilhosas, cujo registro imaginário constitui uma realidade antes mesmo de atravessarmos o túnel que nos leva às arquibancadas e ao picadeiro sob a proteção de suas lonas coloridas. O circo parece povoar mais o imaginário das pessoas — o que não chega a ser uma fantasia ou ficção — do que ser um espaço visitado por elas na realidade. Reside aí, sem dúvida, o atrativo apelo ao maravilhoso, ao fantástico e/ou mágico mundo do circo".