Entre os encantados brasileiros, talvez os mais instigantes sejam os espíritos ciganos. Alguns pertencem ao Povo da Rua. São exus ciganos e pombagiras ciganas versados em magia. Essa filiação tem sua lógica: afinal, a pátria dos ciganos é o mundo inteiro, sua casa é a estrada.

Outros ciganos fazem parte do Povo do Oriente. Essa ligação também tem lógica: os ciganos tiveram sua origem na Índia e, em sua vida nômade, percorreram diversos países orientais, de onde trouxeram sabedoria e magia. Ao longo do século XX, formou-se uma devoção aos espíritos ciganos independente de vínculos religiosos específicos. Surgiu, ao lado disso, uma literatura dedicada a essas entidades. Tornaram-se, assim, conhecidos do grande público inúmeros encantados que já eram familiares aos frequentadores de casas de culto da Linha Cigana. Alguns, inclusive, ancestrais consanguíneos de atuais líderes dessas casas. Mas alguns ficaram esquecidos: os ciganos e as ciganas do Povo da Rua. E não há razão para isso.

Embora não sejam conhecidos do público mais voltado para o esoterismo de feição europeia, eles são queridos e venerados pelo povo da umbanda. Entre estes, um espírito muito importante, mas pouco conhecido, é o Cigano do Oriente. Aos seus devotos e aos que não o conhecem, este livro dá a oportunidade de saber um pouco mais dessa entidade tão poderosa, de suas magias e simpatias.