Estudar as sociedades antigas exige do historiador um cuidado na aplicação de conceitos e valores contemporâneos a este período histórico. Tal postura se manifesta de forma contundente ao se abordarem religiões e religiosidades na Antiguidade. O estudo de uma sociedade diferente da nossa demanda o reconhecimento de que nossos valores não são universais, que as sociedades do passado ou de outras partes do mundo não têm a mesma "visão do mundo" que nós. Ao analisarmos, como historiadores, as religiões e religiosidades antigas, devemos abolir quaisquer vestígios de etnocentrismo e de anacronia que nos impeçam de compreender as especificidades das sociedades em foco. As referências seletivas à Antiguidade refletem mais os debates ideológicos das sociedades, que se apropriam deste passado de acordo com seus interesses no decorrer do tempo e constroem seus discursos pautados nele. Além disso, há o problema de como compreender a intimidade do "outro", ainda mais quando há um significativo distanciamento temporal e a documentação é escassa e lacunar. Certamente, é um desafio para nós, historiadores.
Autoras e autores neste volume: Ciro Flamarion Cardoso, Margaret M. Bakos, Ana Teresa Marques Gonçalves, Giselle Moreira da Mata, José Geraldo Costa Grillo, Henrique Modanez de Sant'Anna, Diogo Pereira da Silva, Adriana Zierer, Claudia Beltrão da Rosa