Estudar as teorias de currículo nos oferece, e aos professo- res de escolas públicas, a compreensão dos diversos mundos em que habitamos e, especificamente, da retórica política que cerca a reforma educacional e a burocratização, sem falar nos conteúdos curriculares. Com a internacionalização do campo, os estudiosos de todo o mundo se tornam conhecedores mais críticos e mais conscientes e seletivos com relação à apropriação acadêmica de fontes externas. Espero que um campo de estudo global possa um dia emergir, não como algo homogêneo, mas como uma conversação complicada. Este livro — em que as políticas curriculares de Brasil e Portugal são analisadas por pesquisadores de referência no campo do currículo desses países — é, sem dúvida, mais um significativo passo nessa conversação. Tal conversação entre dois países com traços históricos comuns não só é importante pelo intercâmbio entre os sentidos que conferem ao pensamento e às políticas curri- culares, como pelas diferenças que se revelam em suas profícuas trajetórias. Considero que o debate gerado a partir deste livro ultra- passa as fronteiras desses dois países.