Vícios Ocultos

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  • EditoraBOM TEXTO
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Simão Bacamarte, o alienista, depois de internar uma multidão no hospício, achou mais prático deixar os loucos circularem livremente e recolher para tratamento os lúcidos e sãos, em muito menor número e, portanto, anormais. A tese do extraordinário personagem de Machado de Assis, de que a normalidade está na estranheza, cai como luva na tentativa de reunir, sob um mesmo prisma, os 13 contos de Vícios Ocultos, obra que marca a volta de Miriam Mambrini ao universo dos contos, após três romances e um livro de crônicas.

A visão do vício como apenas uma maneira muito própria de viver – viciosa, porque fora dos padrões – é o passaporte para o leitor mergulhar mais “liberto” nas histórias de Oscar, “homem culto, rico, e heterossexual fervoroso” que roubava brincos excêntricos (“O que vem primeiro? A mulher ou o brinco?, perguntei. “O brinco”, ele respondeu, sem hesitar”); de Agnaldo, o vigia de um clube de grã-finos que é protagonista do conto, mas não do costume “censurável” (“Escarrapachados nas poltronas fundas, quatro alegres velhotes, entre eles o presidente, pitavam um baseado toscamente enrolado, que passava de mão em mão. (...) Pé ante pé, afastou-se dali e retomou a caminhada. Alerta. Sempre alerta), de Clodoaldo, personagem de Nanismo (“Oscilava sobre as pernas curtas com um jogo de corpo lateral que me fascinou e distraiu de tal forma que esqueci de diminuir o ritmo de meus passos, e quase a alcancei”). O predomínio do ponto de vista masculino é uma marca da autora. Miriam expõe a todos, “nus e crus, exatamente com o leitor quer vê-los”, assinala o escritor Alexandre Brandão, na orelha da obra.

Após finalizar cada um dos contos, Miriam Mambrini os enviava a escritores de sua relação, solicitando algum comentário. Essas frases foram transformadas em epígrafes, que abrem cada um dos contos. Entre os autores, há João Silvério Trevisan (em Débito: “Quem sobrevive se responsabiliza pela memória dos mortos; quanto mais sobrevivente for, mais mortos terá”), Nilma Lacerda, Luis Ruffato e Adriana Lisboa (em O colecionador: (...) “A boa notícia é que, entre os extremos, existe sempre um porto de olhos fechados e respiração pausada (...)”.
Características
Autor MIRIAM MAMBRINI
Biografia Simão Bacamarte, o alienista, depois de internar uma multidão no hospício, achou mais prático deixar os loucos circularem livremente e recolher para tratamento os lúcidos e sãos, em muito menor número e, portanto, anormais. A tese do extraordinário personagem de Machado de Assis, de que a normalidade está na estranheza, cai como luva na tentativa de reunir, sob um mesmo prisma, os 13 contos de Vícios Ocultos, obra que marca a volta de Miriam Mambrini ao universo dos contos, após três romances e um livro de crônicas.

A visão do vício como apenas uma maneira muito própria de viver – viciosa, porque fora dos padrões – é o passaporte para o leitor mergulhar mais “liberto” nas histórias de Oscar, “homem culto, rico, e heterossexual fervoroso” que roubava brincos excêntricos (“O que vem primeiro? A mulher ou o brinco?, perguntei. “O brinco”, ele respondeu, sem hesitar”); de Agnaldo, o vigia de um clube de grã-finos que é protagonista do conto, mas não do costume “censurável” (“Escarrapachados nas poltronas fundas, quatro alegres velhotes, entre eles o presidente, pitavam um baseado toscamente enrolado, que passava de mão em mão. (...) Pé ante pé, afastou-se dali e retomou a caminhada. Alerta. Sempre alerta), de Clodoaldo, personagem de Nanismo (“Oscilava sobre as pernas curtas com um jogo de corpo lateral que me fascinou e distraiu de tal forma que esqueci de diminuir o ritmo de meus passos, e quase a alcancei”). O predomínio do ponto de vista masculino é uma marca da autora. Miriam expõe a todos, “nus e crus, exatamente com o leitor quer vê-los”, assinala o escritor Alexandre Brandão, na orelha da obra.

Após finalizar cada um dos contos, Miriam Mambrini os enviava a escritores de sua relação, solicitando algum comentário. Essas frases foram transformadas em epígrafes, que abrem cada um dos contos. Entre os autores, há João Silvério Trevisan (em Débito: “Quem sobrevive se responsabiliza pela memória dos mortos; quanto mais sobrevivente for, mais mortos terá”), Nilma Lacerda, Luis Ruffato e Adriana Lisboa (em O colecionador: (...) “A boa notícia é que, entre os extremos, existe sempre um porto de olhos fechados e respiração pausada (...)”.
Comprimento 21
Editora BOM TEXTO
ISBN 9788587723826
Largura 14
Páginas 193

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