Distâncias do cinema, As
Distâncias do cinema, As
- EditoraEDITORA CONTRAPONTO
- Modelo: CO60703
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Jacques Rancière não se considera um filósofo do cinema, um teórico do cinema ou um crítico de cinema. Antes, vê-se como um amador, para quem o cinema, sendo um campo múltiplo e heterogêneo, só pode se constituir na encruzilhada entre experiências, afetos e saberes, entre arte, trabalho e coletividade. Ser um amador, e defender essa posição como política, significa então afirmar que o cinema é "um sistema de distâncias irredutíveis entre coisas que têm o mesmo nome sem serem membros de um mesmo corpo".
Notável pensador da política, da imagem, da literatura e das artes, neste livro os encontros de Rancière com o cinema se dão por meio de três distâncias: a distância entre cinema e teoria, entre cinema e arte e entre cinema e política. Mas se engana quem supõe que o encontro em questão visa a suprimir essas distâncias. Para Rancière, a distância, ou a separação, é a condição mesma de toda relação. Sendo o cinema, em sua heterogeneidade, um "espaço comum de pensamento", trata-se então de novas mensurações, de ora reduzir, ora repor as distâncias, isto é, de aproximar o que estava distante ou de se distanciar do excessivamente próximo.
Ao afirmar que o cinema só existe como uma "fronteira instável que, para existir, precisa ser sempre atravessada", Rancière dedica-se a uma análise que transita pelo interior de diferentes experiências cinematográficas sem submetê-las a enquadramentos conceituais preexistentes. Nessas passagens e tensões, nessas aproximações e distanciamentos entre cineastas tão diversos como Hitchcock, Vertov, Bresson, Minnelli, Rossellini, Straub e Pedro Costa, está a afirmação de que o cinema só é arte contanto que seja mundo: mundo compartilhado para além da realidade material de suas projeções e habitado por formas de vida que são políticas quando são também capazes de estar à altura do que vivem.
Ilana Feldman
Jacques Rancière é um dos filósofos mais respeitados da atualidade. Professor emérito da Universidade Paris VIII (St. Denis), dedicou-se a pesquisas sobre as classes operárias francesas e lutas políticas marginalizadas da história oficial. Atualmente tem explorado as relações entre estética e política, com ênfase nas artes visuais, em livros como "Le Destin des images" (publicado pela Contraponto), "La Partage du sensible", "Le Spectateur emancipe" e "Aisthesis. Scènes du régime esthétique de l´art".
"Para mim, escrever sobre cinema é assumir ao mesmo tempo duas posições contraditórias. A primeira é que não há nenhum conceito que reúna todos esses cinemas, nenhuma teoria que unifique todos os problemas que eles suscitam. [...] Já a outra posição diz, ao inverso, [...] que o pensamento do cinema é o que circula nesse espaço, pensa no meio dessas distâncias e se esforça para determinar este ou aquele vínculo entre dois cinemas ou dois ?problemas de cinema´. Esta é a posição do amador. [...] A política do amador afirma que o cinema pertence a todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, viajaram dentro do sistema de distâncias que seu nome permite e que cada um pode traçar [...], pois uma arte nunca é apenas uma arte; sempre é, ao mesmo tempo, uma proposta de mundo."
Notável pensador da política, da imagem, da literatura e das artes, neste livro os encontros de Rancière com o cinema se dão por meio de três distâncias: a distância entre cinema e teoria, entre cinema e arte e entre cinema e política. Mas se engana quem supõe que o encontro em questão visa a suprimir essas distâncias. Para Rancière, a distância, ou a separação, é a condição mesma de toda relação. Sendo o cinema, em sua heterogeneidade, um "espaço comum de pensamento", trata-se então de novas mensurações, de ora reduzir, ora repor as distâncias, isto é, de aproximar o que estava distante ou de se distanciar do excessivamente próximo.
Ao afirmar que o cinema só existe como uma "fronteira instável que, para existir, precisa ser sempre atravessada", Rancière dedica-se a uma análise que transita pelo interior de diferentes experiências cinematográficas sem submetê-las a enquadramentos conceituais preexistentes. Nessas passagens e tensões, nessas aproximações e distanciamentos entre cineastas tão diversos como Hitchcock, Vertov, Bresson, Minnelli, Rossellini, Straub e Pedro Costa, está a afirmação de que o cinema só é arte contanto que seja mundo: mundo compartilhado para além da realidade material de suas projeções e habitado por formas de vida que são políticas quando são também capazes de estar à altura do que vivem.
Ilana Feldman
Jacques Rancière é um dos filósofos mais respeitados da atualidade. Professor emérito da Universidade Paris VIII (St. Denis), dedicou-se a pesquisas sobre as classes operárias francesas e lutas políticas marginalizadas da história oficial. Atualmente tem explorado as relações entre estética e política, com ênfase nas artes visuais, em livros como "Le Destin des images" (publicado pela Contraponto), "La Partage du sensible", "Le Spectateur emancipe" e "Aisthesis. Scènes du régime esthétique de l´art".
"Para mim, escrever sobre cinema é assumir ao mesmo tempo duas posições contraditórias. A primeira é que não há nenhum conceito que reúna todos esses cinemas, nenhuma teoria que unifique todos os problemas que eles suscitam. [...] Já a outra posição diz, ao inverso, [...] que o pensamento do cinema é o que circula nesse espaço, pensa no meio dessas distâncias e se esforça para determinar este ou aquele vínculo entre dois cinemas ou dois ?problemas de cinema´. Esta é a posição do amador. [...] A política do amador afirma que o cinema pertence a todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, viajaram dentro do sistema de distâncias que seu nome permite e que cada um pode traçar [...], pois uma arte nunca é apenas uma arte; sempre é, ao mesmo tempo, uma proposta de mundo."
Características | |
Autor | JACQUES RANCIERE |
Biografia | Jacques Rancière não se considera um filósofo do cinema, um teórico do cinema ou um crítico de cinema. Antes, vê-se como um amador, para quem o cinema, sendo um campo múltiplo e heterogêneo, só pode se constituir na encruzilhada entre experiências, afetos e saberes, entre arte, trabalho e coletividade. Ser um amador, e defender essa posição como política, significa então afirmar que o cinema é "um sistema de distâncias irredutíveis entre coisas que têm o mesmo nome sem serem membros de um mesmo corpo". Notável pensador da política, da imagem, da literatura e das artes, neste livro os encontros de Rancière com o cinema se dão por meio de três distâncias: a distância entre cinema e teoria, entre cinema e arte e entre cinema e política. Mas se engana quem supõe que o encontro em questão visa a suprimir essas distâncias. Para Rancière, a distância, ou a separação, é a condição mesma de toda relação. Sendo o cinema, em sua heterogeneidade, um "espaço comum de pensamento", trata-se então de novas mensurações, de ora reduzir, ora repor as distâncias, isto é, de aproximar o que estava distante ou de se distanciar do excessivamente próximo. Ao afirmar que o cinema só existe como uma "fronteira instável que, para existir, precisa ser sempre atravessada", Rancière dedica-se a uma análise que transita pelo interior de diferentes experiências cinematográficas sem submetê-las a enquadramentos conceituais preexistentes. Nessas passagens e tensões, nessas aproximações e distanciamentos entre cineastas tão diversos como Hitchcock, Vertov, Bresson, Minnelli, Rossellini, Straub e Pedro Costa, está a afirmação de que o cinema só é arte contanto que seja mundo: mundo compartilhado para além da realidade material de suas projeções e habitado por formas de vida que são políticas quando são também capazes de estar à altura do que vivem. Ilana Feldman Jacques Rancière é um dos filósofos mais respeitados da atualidade. Professor emérito da Universidade Paris VIII (St. Denis), dedicou-se a pesquisas sobre as classes operárias francesas e lutas políticas marginalizadas da história oficial. Atualmente tem explorado as relações entre estética e política, com ênfase nas artes visuais, em livros como "Le Destin des images" (publicado pela Contraponto), "La Partage du sensible", "Le Spectateur emancipe" e "Aisthesis. Scènes du régime esthétique de l´art". "Para mim, escrever sobre cinema é assumir ao mesmo tempo duas posições contraditórias. A primeira é que não há nenhum conceito que reúna todos esses cinemas, nenhuma teoria que unifique todos os problemas que eles suscitam. [...] Já a outra posição diz, ao inverso, [...] que o pensamento do cinema é o que circula nesse espaço, pensa no meio dessas distâncias e se esforça para determinar este ou aquele vínculo entre dois cinemas ou dois ?problemas de cinema´. Esta é a posição do amador. [...] A política do amador afirma que o cinema pertence a todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, viajaram dentro do sistema de distâncias que seu nome permite e que cada um pode traçar [...], pois uma arte nunca é apenas uma arte; sempre é, ao mesmo tempo, uma proposta de mundo." |
Comprimento | 21 |
Edição | 2 |
Editora | EDITORA CONTRAPONTO |
ISBN | 9788578660703 |
Largura | 14 |
Páginas | 168 |