À linguagem da arte, em seus inúmeros idiomas, adicionam-se repetidamente sentidos marcados pelas particularidades de quem a transmite para fora dos lugares em que seus objetos se encontram. Há muito, entrar em contato com uma determinada obra de arte no local em que ela se originou é uma experiência rarefeita, bem como excedida pela multiplicidade dos meios pelos quais sua imagem hoje se reproduz.
Neste livro, partiu-se da entrevista por e-mail que Gonçalo Ivo concedeu em inglês a Julie Karabenick, promotora do projeto curatorial Geoform, desenvolvido para a Internet e dedicado à arte abstrata geométrica contemporânea. No diálogo tecido por eles, descortinam-se novas cores da trajetória do artista, cujas inter-relações se nutrem tanto da geometria quanto da música e da poesia. Suas nuanças e velaturas deixam ver que, sob a inexatidão do que se lê em inglês e em português, decorrência intransponível de toda tradução, encorpa-se a misteriosa constância emanada da pintura outra vez reconhecida.
Por fim, em meio ao que se diz num idioma e noutro, encontra-se a recensão bibliográfica sobre a obra de Gonçalo Ivo e a lista de suas exposições individuais. Como se poderá observar, sua continuidade revela tanto uma polifonia insubmissa à tonalidade de partida quanto a influência de ambiências geográficas diversas no que se avoluma em solo próprio.