Quando formos doces
Há uma mãe, há um pai e há um filho e há uma filha e há uma mãe. Outro almoço de família, uma coisa que existe faz muito tempo. E no entanto o que há de novo? O pai sofre uma síndrome que o permite acreditar que se transforma em animais diversos, a filha é aquela triste estudante de teatro que chega machucada para o almoço, o filho lê como se a verdade estivesse nos livros e a mãe ainda é quem procura uni-los a todos. O que há de novo? Até onde a criação é possível por dentro de uma casa ancestral e fóssil? Você confia no seu pai? Quando formos doces, como uma receita que dá errado, tenta em vão encontrar um teatro para dar sentido ao que experimentamos juntos.
“Nessa ânsia de que alguma coisa diferente aconteça, vou provocando pequenos acidentes na casa. Primeiro o óbvio: os objetos cortantes na cozinha, uns desastres na receita dos miúdos, queimaduras. Depois, o João diz pra minha mãe que, no movimento obsessivo pro cerimonial do almoço, ela mutila partes da gente, dos outros membros da família, tira as nossas vísceras pra colocar nesses miúdos. Eu tô atuando, obviamente, mas aliás: que história é essa de miúdos? Não por acaso, a minha sugestão das mutilações de alguma forma ecoa no ambiente neurótico da casa. No da casa, não no meu. Ao mesmo tempo, o meu pai já não consegue disfarçar os impulsos animalescos. Aí aparece um bode na sala. Depois um passarinho dourado. Depois um ser humano.”
Nas palavras do diretor e dramaturgo Diogo Liberano, “Quando formos doces lança ao fogo a nossa famigerada demanda por sentidos unívocos e terminantes. Pois demanda tempo aprender a sobreviver junto ao mistério. […] Nesta intrigante dramaturgia de João Ricardo, põe-se à mesa a nossa indisponibilidade em sobreviver em suspensão. O que fazer? Para onde ir? Abra a tampa”.
“Nessa ânsia de que alguma coisa diferente aconteça, vou provocando pequenos acidentes na casa. Primeiro o óbvio: os objetos cortantes na cozinha, uns desastres na receita dos miúdos, queimaduras. Depois, o João diz pra minha mãe que, no movimento obsessivo pro cerimonial do almoço, ela mutila partes da gente, dos outros membros da família, tira as nossas vísceras pra colocar nesses miúdos. Eu tô atuando, obviamente, mas aliás: que história é essa de miúdos? Não por acaso, a minha sugestão das mutilações de alguma forma ecoa no ambiente neurótico da casa. No da casa, não no meu. Ao mesmo tempo, o meu pai já não consegue disfarçar os impulsos animalescos. Aí aparece um bode na sala. Depois um passarinho dourado. Depois um ser humano.”
Nas palavras do diretor e dramaturgo Diogo Liberano, “Quando formos doces lança ao fogo a nossa famigerada demanda por sentidos unívocos e terminantes. Pois demanda tempo aprender a sobreviver junto ao mistério. […] Nesta intrigante dramaturgia de João Ricardo, põe-se à mesa a nossa indisponibilidade em sobreviver em suspensão. O que fazer? Para onde ir? Abra a tampa”.
Características | |
Autor | João Ricardo |
Biografia | Há uma mãe, há um pai e há um filho e há uma filha e há uma mãe. Outro almoço de família, uma coisa que existe faz muito tempo. E no entanto o que há de novo? O pai sofre uma síndrome que o permite acreditar que se transforma em animais diversos, a filha é aquela triste estudante de teatro que chega machucada para o almoço, o filho lê como se a verdade estivesse nos livros e a mãe ainda é quem procura uni-los a todos. O que há de novo? Até onde a criação é possível por dentro de uma casa ancestral e fóssil? Você confia no seu pai? Quando formos doces, como uma receita que dá errado, tenta em vão encontrar um teatro para dar sentido ao que experimentamos juntos. “Nessa ânsia de que alguma coisa diferente aconteça, vou provocando pequenos acidentes na casa. Primeiro o óbvio: os objetos cortantes na cozinha, uns desastres na receita dos miúdos, queimaduras. Depois, o João diz pra minha mãe que, no movimento obsessivo pro cerimonial do almoço, ela mutila partes da gente, dos outros membros da família, tira as nossas vísceras pra colocar nesses miúdos. Eu tô atuando, obviamente, mas aliás: que história é essa de miúdos? Não por acaso, a minha sugestão das mutilações de alguma forma ecoa no ambiente neurótico da casa. No da casa, não no meu. Ao mesmo tempo, o meu pai já não consegue disfarçar os impulsos animalescos. Aí aparece um bode na sala. Depois um passarinho dourado. Depois um ser humano.” Nas palavras do diretor e dramaturgo Diogo Liberano, “Quando formos doces lança ao fogo a nossa famigerada demanda por sentidos unívocos e terminantes. Pois demanda tempo aprender a sobreviver junto ao mistério. […] Nesta intrigante dramaturgia de João Ricardo, põe-se à mesa a nossa indisponibilidade em sobreviver em suspensão. O que fazer? Para onde ir? Abra a tampa”. |
Comprimento | 21 |
Edição | 1 |
Editora | 7 LETRAS |
ISBN | 9786559050994 |
Largura | 14 |
Páginas | 120 |