Nossa correspondente informa: Notícias da ditadura brasileira na BBC de Londres: 1973 - 1985
Nossa correspondente informa: Notícias da ditadura brasileira na BBC de Londres: 1973 - 1985
- EditoraALAMEDA
- Modelo: 9V60612
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O livro Nossa correspondente informa - notícias da ditadura militar brasileira na BBC de Londres é uma lição de história. Entre 1973 e 1985, a jornalista Jan Rocha foi correspondente da BBC de Londres no Brasil. Com enorme frequência, às vezes com mais de uma notícia por dia, ela traduzia ao mundo o que estava ocorrendo no Brasil, na forma de notas, em geral breves, que iam ao ar em inglês e também eram traduzidas para o serviço brasileiro da rádio britânica.
Queimadas, invasão de terras indígenas, perseguição a religiosos, inflação, descontrole cambial, falta de planejamento, saúde pública caótica, sonegação de informações, alteração das regras do jogo político de acordo com as conveniências: o dia a dia da ditadura, mostram notícias de Jan Rocha, simples e diretas, era um verdadeiro inferno. A ideia de “quem não fez nada de errado não sofreu” durante o período, tão difundida (e falsa, porque se opor ao regime era, sabemos, a coisa certa a se fazer) pelo revisionismo e pelas fake news, se mostra absolutamente equivocada diante da realidade.
Quando Jan Rocha começou a colaborar com a BBC no Brasil, em 1973, a luta armada contra a ditadura já tinha acabado, o país estava prestes a entrar na “abertura lenta, gradual, porém segura” prometida pelo general Ernesto Geisel e seguida pelo seu sucessor, o general João Figueiredo. Mas a repressão ilegal do estado continuava e começava a transformar-se em terrorismo de estado, executado pela linha-dura do exército para tentar impedir a “abertura” e o retorno à democracia, ao estado de direito.
A abertura, também é possível perceber na leitura sequencial das notícias, foi mais lenta do que gradual e segura: foi cheia de solavancos, sobretudo quando a ultradireita deu início a uma série de atentados, ora nitidamente para intimidar opositores, ora para responsabilizar a esquerda, numa guerra de fatos e informações. Esses numerosos atentados, contra a Ordem dos Advogados do Brasil, a Associação Brasileira de Imprensa, o jornal O Estado de S. Paulo, além do conhecido e felizmente malogrado caso do Riocentro, entre tantos outros, nunca foram seriamente investigados. E, ao contrário do que ocorreu com os opositores, que pagaram frequentemente o preço do engajamento político com a própria vida ou longos anos de prisão, a direita explosiva jamais pagou por seus atos de violência, mesmo os executados após a lei da Anistia de 1979.
Esta coleção de despachos de Jan Rocha mostra uma profissional exemplar, em que o rigor jornalístico anda lado a lado com a coragem e a sensibilidade humana. Este livro é um exemplo de como é preciso retomar a história da ditadura para além das narrativas oficiais, que minimizam as dores e os sofrimentos da maioria da população.
Queimadas, invasão de terras indígenas, perseguição a religiosos, inflação, descontrole cambial, falta de planejamento, saúde pública caótica, sonegação de informações, alteração das regras do jogo político de acordo com as conveniências: o dia a dia da ditadura, mostram notícias de Jan Rocha, simples e diretas, era um verdadeiro inferno. A ideia de “quem não fez nada de errado não sofreu” durante o período, tão difundida (e falsa, porque se opor ao regime era, sabemos, a coisa certa a se fazer) pelo revisionismo e pelas fake news, se mostra absolutamente equivocada diante da realidade.
Quando Jan Rocha começou a colaborar com a BBC no Brasil, em 1973, a luta armada contra a ditadura já tinha acabado, o país estava prestes a entrar na “abertura lenta, gradual, porém segura” prometida pelo general Ernesto Geisel e seguida pelo seu sucessor, o general João Figueiredo. Mas a repressão ilegal do estado continuava e começava a transformar-se em terrorismo de estado, executado pela linha-dura do exército para tentar impedir a “abertura” e o retorno à democracia, ao estado de direito.
A abertura, também é possível perceber na leitura sequencial das notícias, foi mais lenta do que gradual e segura: foi cheia de solavancos, sobretudo quando a ultradireita deu início a uma série de atentados, ora nitidamente para intimidar opositores, ora para responsabilizar a esquerda, numa guerra de fatos e informações. Esses numerosos atentados, contra a Ordem dos Advogados do Brasil, a Associação Brasileira de Imprensa, o jornal O Estado de S. Paulo, além do conhecido e felizmente malogrado caso do Riocentro, entre tantos outros, nunca foram seriamente investigados. E, ao contrário do que ocorreu com os opositores, que pagaram frequentemente o preço do engajamento político com a própria vida ou longos anos de prisão, a direita explosiva jamais pagou por seus atos de violência, mesmo os executados após a lei da Anistia de 1979.
Esta coleção de despachos de Jan Rocha mostra uma profissional exemplar, em que o rigor jornalístico anda lado a lado com a coragem e a sensibilidade humana. Este livro é um exemplo de como é preciso retomar a história da ditadura para além das narrativas oficiais, que minimizam as dores e os sofrimentos da maioria da população.
Características | |
Autor | Jan Rocha |
Biografia | O livro Nossa correspondente informa - notícias da ditadura militar brasileira na BBC de Londres é uma lição de história. Entre 1973 e 1985, a jornalista Jan Rocha foi correspondente da BBC de Londres no Brasil. Com enorme frequência, às vezes com mais de uma notícia por dia, ela traduzia ao mundo o que estava ocorrendo no Brasil, na forma de notas, em geral breves, que iam ao ar em inglês e também eram traduzidas para o serviço brasileiro da rádio britânica. Queimadas, invasão de terras indígenas, perseguição a religiosos, inflação, descontrole cambial, falta de planejamento, saúde pública caótica, sonegação de informações, alteração das regras do jogo político de acordo com as conveniências: o dia a dia da ditadura, mostram notícias de Jan Rocha, simples e diretas, era um verdadeiro inferno. A ideia de “quem não fez nada de errado não sofreu” durante o período, tão difundida (e falsa, porque se opor ao regime era, sabemos, a coisa certa a se fazer) pelo revisionismo e pelas fake news, se mostra absolutamente equivocada diante da realidade. Quando Jan Rocha começou a colaborar com a BBC no Brasil, em 1973, a luta armada contra a ditadura já tinha acabado, o país estava prestes a entrar na “abertura lenta, gradual, porém segura” prometida pelo general Ernesto Geisel e seguida pelo seu sucessor, o general João Figueiredo. Mas a repressão ilegal do estado continuava e começava a transformar-se em terrorismo de estado, executado pela linha-dura do exército para tentar impedir a “abertura” e o retorno à democracia, ao estado de direito. A abertura, também é possível perceber na leitura sequencial das notícias, foi mais lenta do que gradual e segura: foi cheia de solavancos, sobretudo quando a ultradireita deu início a uma série de atentados, ora nitidamente para intimidar opositores, ora para responsabilizar a esquerda, numa guerra de fatos e informações. Esses numerosos atentados, contra a Ordem dos Advogados do Brasil, a Associação Brasileira de Imprensa, o jornal O Estado de S. Paulo, além do conhecido e felizmente malogrado caso do Riocentro, entre tantos outros, nunca foram seriamente investigados. E, ao contrário do que ocorreu com os opositores, que pagaram frequentemente o preço do engajamento político com a própria vida ou longos anos de prisão, a direita explosiva jamais pagou por seus atos de violência, mesmo os executados após a lei da Anistia de 1979. Esta coleção de despachos de Jan Rocha mostra uma profissional exemplar, em que o rigor jornalístico anda lado a lado com a coragem e a sensibilidade humana. Este livro é um exemplo de como é preciso retomar a história da ditadura para além das narrativas oficiais, que minimizam as dores e os sofrimentos da maioria da população. |
Comprimento | 23 |
Edição | 1 |
Editora | ALAMEDA |
ISBN | 9786559660612 |
Largura | 16 |
Páginas | 468 |