Estudos sobre Spinoza

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Parte importante do pensamento ocidental moderno pode ser contada a partir de Baruch Spinoza (1632-1677). Hegel, Heine, Goethe, Marx, Nietzsche, Freud e Einstein, entre muitos outros, declararam-se influenciados por ele. Sua vida e sua filosofia anteciparam elementos essenciais da modernidade: o lugar do indivíduo livre, a secularização, a crítica histórica à Bíblia, o desenvolvimento das ciências naturais, o Iluminismo, a tolerância religiosa e o Estado democrático. Além disso, ele propôs um novo princípio teológico ? a teologia da imanência ? e estabeleceu uma nova relação entre religião e razão.

Formado em uma rigorosa tradição rabínica, Spinoza foi acusado de ateísmo porque transcendeu as religiões históricas ao afirmar que Deus não é um ser único e separado do mundo, mas sim o próprio Universo, o qual, para ele, contém as supremas qualidades que a tradição religiosa reserva para o Criador transcendente. As leis de Deus não estão na Bíblia, são as leis da natureza.

Com 24 anos, foi excomungado pelas autoridades da sinagoga de Amsterdã e não se vinculou a nenhuma outra religião. Experimentou uma vida solitária: em sua época, era excêntrica a ideia de um indivíduo universalista, caracterizado por suas faculdades racionais, sem raízes ou filiação em uma comunidade particular.

Spinoza nunca renunciou aos fins espirituais da mística religiosa, mas considerou que só a razão é capaz de atingi-los. Não se referia à razão trivial, meramente analítica e discursiva, que produz apenas conhecimento, mas a uma razão mais elevada, sinóptica e intuitiva, que, no limite, conduz à beatitude e ao amor. Sabia, porém, que a multidão jamais a alcançará; a maioria dos homens sempre permanecerá sujeita à imaginação e à psicologia das massas, com conflitos, discórdias, fanatismo e violência. Por isso, além da teologia e da filosofia, refletiu também sobre a política, buscando maneiras racionais de engendrar condutas socialmente benéficas, por meio de mecanismos mentais e institucionais que transformassem a imaginação em uma imitação exterior da razão, usando o poder do Estado e uma religião popular como veículos de um processo civilizatório.

Hoje não se discute a importância de Spinoza, um dos fundadores da filosofia moderna. Este volume reúne estudos de quatro autores de diferentes nacionalidades ? o alemão Kuno Fischer, o holandês J. Land, o inglês Charles E. Vaughan e o francês Léon Brunschvicg ? que abordam diferentes aspectos de sua vida e obra: seu caráter, suas principais influências, seu lugar como pensador da política e, finalmente, sua obra em filosofia e teologia. Completa o volume uma alentada compilação de citações e referências sobre Spinoza, muitas delas críticas, que começa com seu contemporâneo Leibniz e chega até Martial Gueroult, no século XX.
Características
Autor CESAR BENJAMIN
Biografia Parte importante do pensamento ocidental moderno pode ser contada a partir de Baruch Spinoza (1632-1677). Hegel, Heine, Goethe, Marx, Nietzsche, Freud e Einstein, entre muitos outros, declararam-se influenciados por ele. Sua vida e sua filosofia anteciparam elementos essenciais da modernidade: o lugar do indivíduo livre, a secularização, a crítica histórica à Bíblia, o desenvolvimento das ciências naturais, o Iluminismo, a tolerância religiosa e o Estado democrático. Além disso, ele propôs um novo princípio teológico ? a teologia da imanência ? e estabeleceu uma nova relação entre religião e razão.

Formado em uma rigorosa tradição rabínica, Spinoza foi acusado de ateísmo porque transcendeu as religiões históricas ao afirmar que Deus não é um ser único e separado do mundo, mas sim o próprio Universo, o qual, para ele, contém as supremas qualidades que a tradição religiosa reserva para o Criador transcendente. As leis de Deus não estão na Bíblia, são as leis da natureza.

Com 24 anos, foi excomungado pelas autoridades da sinagoga de Amsterdã e não se vinculou a nenhuma outra religião. Experimentou uma vida solitária: em sua época, era excêntrica a ideia de um indivíduo universalista, caracterizado por suas faculdades racionais, sem raízes ou filiação em uma comunidade particular.

Spinoza nunca renunciou aos fins espirituais da mística religiosa, mas considerou que só a razão é capaz de atingi-los. Não se referia à razão trivial, meramente analítica e discursiva, que produz apenas conhecimento, mas a uma razão mais elevada, sinóptica e intuitiva, que, no limite, conduz à beatitude e ao amor. Sabia, porém, que a multidão jamais a alcançará; a maioria dos homens sempre permanecerá sujeita à imaginação e à psicologia das massas, com conflitos, discórdias, fanatismo e violência. Por isso, além da teologia e da filosofia, refletiu também sobre a política, buscando maneiras racionais de engendrar condutas socialmente benéficas, por meio de mecanismos mentais e institucionais que transformassem a imaginação em uma imitação exterior da razão, usando o poder do Estado e uma religião popular como veículos de um processo civilizatório.

Hoje não se discute a importância de Spinoza, um dos fundadores da filosofia moderna. Este volume reúne estudos de quatro autores de diferentes nacionalidades ? o alemão Kuno Fischer, o holandês J. Land, o inglês Charles E. Vaughan e o francês Léon Brunschvicg ? que abordam diferentes aspectos de sua vida e obra: seu caráter, suas principais influências, seu lugar como pensador da política e, finalmente, sua obra em filosofia e teologia. Completa o volume uma alentada compilação de citações e referências sobre Spinoza, muitas delas críticas, que começa com seu contemporâneo Leibniz e chega até Martial Gueroult, no século XX.
Comprimento 23
Edição 1
Editora EDITORA CONTRAPONTO
ISBN 9788578660963
Largura 16
Páginas 372

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