Homem pós-orgânico: a alquimia dos corpos e das almas à luz das tecnologias digitais, O
Homem pós-orgânico: a alquimia dos corpos e das almas à luz das tecnologias digitais, O
- EditoraEDITORA CONTRAPONTO
- Modelo: CO61083
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R$ 70,40
R$ 88,00
"No mundo mecanizado da era industrial, no qual a matéria inerte respondia a uma série de leis rigorosas, exatas e universais, o vivo constituía uma aberração tão inquietante como inexplicável. Já o corpo morto, desprovido da gloriosa chama vital, tornava-se cognoscível: suas engrenagens eram perfeitamente explicáveis. Assim, a tecnociência moderna procuraria elucidar o escândalo da vida como uma exceção à regra. Ou, então, tentaria inseri-lo na explicação mecânica universal, negando boa parte de suas potências ao reduzi-las ao mero funcionamento dos aparelhos que compõem cada organismo. Desse modo, o saber científico redefiniu o corpo humano: arrancando-o dos homens vivos para fazer do cadáver seu modelo e seu objeto privilegiado. Daí em diante, a intimidade corporal seria fatalmente colonizada: seu interior se desvelaria, dando-se início a um processo que hoje parece atingir seu ponto culminante com o deciframento dos genomas e a conquista do nível molecular graças às ferramentas digitais. No horizonte fáustico que caracteriza a este tipo de saber tão atual, porém, o projeto contempla a ultrapassagem de todos os limites que constringem a essa velha estrutura carnal, por meio da manipulação das informações genéticas, a reprogramação celular e a produção de vida nos laboratórios."
Paula Sibilia
Construir um homem pós-orgânico ? "projeto faústico" ? parece ser a vontade da nossa época. Fazer confluir técnica e vida com o álibi de fortificar o corpo e minguar seus desassossegos, mas sem lhe poupar dívidas nem acoplamentos aos fluxos acelerados e contínuos que são ativados pelos "biopoderes" atuais. Estamos no umbral de uma metamorfose que Paula Sibilia examina e interroga com interesse, serenidade e espírito alerta: a passagem de um mundo em que a máquina era princípio de ordem, potência e regularidade, para outro em que os seres humanos são compelidos a se sintonizar com o mecanismo de curvas e contracurvas do capitalismo global.
Obsolescência ou atualização: tal é a disjuntiva, ou a cruz, imposta pelas forças titânicas que estão dando forma à vida. Sobrelevamos, então, uma transfiguração, cujas consequências se anunciam imensas e ainda desconhecidas, tão certas como iniludíveis. As ideias recebidas acerca da ética, da ciência, da tecnologia e da política se veem forçadas a ruir ou a se amoldar. O corpo, essa incômoda persistência abarrotada de mal-estares e sonhos de lonjura, agora mergulhado num campo de manobras ? que também o é de excitações e programação ? torna-se objeto experimental, e ninguém sabe ainda para quê.
Sem rejeições apressadas nem entusiasmos incautos, mas com ânimo de elucidar e desentranhar, Paula Sibilia mostra a vida moldada como informação, uma nova metafísica que encobre os alicerces históricos e políticos da atual reorientação das coisas, e isso em nome de um anseio muito humano: a fuga da dor rumo a um corpo poderoso, elétrico, quase imunizado, um elixir para a autoestima. Trata-se de uma adequação propagada como automodelação, mas cujas inflexões ficam submetidas aos dúcteis comutadores da sociedade do controle.
A autora deste livro empreendeu uma dupla tarefa, árdua e importante: fazer uma autopsia da época emergente e desnudar os mecanismos de saber e de poder que a tornam possível. Visto que o tempo concedido a um corpo é irreversível, ela nos lembra que perguntar é uma arma política, que há fendas em toda armadura e que a vida tem menos de teorema já resolvido que de possibilidade ainda não tentada.
Paula Sibilia
Construir um homem pós-orgânico ? "projeto faústico" ? parece ser a vontade da nossa época. Fazer confluir técnica e vida com o álibi de fortificar o corpo e minguar seus desassossegos, mas sem lhe poupar dívidas nem acoplamentos aos fluxos acelerados e contínuos que são ativados pelos "biopoderes" atuais. Estamos no umbral de uma metamorfose que Paula Sibilia examina e interroga com interesse, serenidade e espírito alerta: a passagem de um mundo em que a máquina era princípio de ordem, potência e regularidade, para outro em que os seres humanos são compelidos a se sintonizar com o mecanismo de curvas e contracurvas do capitalismo global.
Obsolescência ou atualização: tal é a disjuntiva, ou a cruz, imposta pelas forças titânicas que estão dando forma à vida. Sobrelevamos, então, uma transfiguração, cujas consequências se anunciam imensas e ainda desconhecidas, tão certas como iniludíveis. As ideias recebidas acerca da ética, da ciência, da tecnologia e da política se veem forçadas a ruir ou a se amoldar. O corpo, essa incômoda persistência abarrotada de mal-estares e sonhos de lonjura, agora mergulhado num campo de manobras ? que também o é de excitações e programação ? torna-se objeto experimental, e ninguém sabe ainda para quê.
Sem rejeições apressadas nem entusiasmos incautos, mas com ânimo de elucidar e desentranhar, Paula Sibilia mostra a vida moldada como informação, uma nova metafísica que encobre os alicerces históricos e políticos da atual reorientação das coisas, e isso em nome de um anseio muito humano: a fuga da dor rumo a um corpo poderoso, elétrico, quase imunizado, um elixir para a autoestima. Trata-se de uma adequação propagada como automodelação, mas cujas inflexões ficam submetidas aos dúcteis comutadores da sociedade do controle.
A autora deste livro empreendeu uma dupla tarefa, árdua e importante: fazer uma autopsia da época emergente e desnudar os mecanismos de saber e de poder que a tornam possível. Visto que o tempo concedido a um corpo é irreversível, ela nos lembra que perguntar é uma arma política, que há fendas em toda armadura e que a vida tem menos de teorema já resolvido que de possibilidade ainda não tentada.
Características | |
Autor | PAULA SIBILIA |
Biografia | "No mundo mecanizado da era industrial, no qual a matéria inerte respondia a uma série de leis rigorosas, exatas e universais, o vivo constituía uma aberração tão inquietante como inexplicável. Já o corpo morto, desprovido da gloriosa chama vital, tornava-se cognoscível: suas engrenagens eram perfeitamente explicáveis. Assim, a tecnociência moderna procuraria elucidar o escândalo da vida como uma exceção à regra. Ou, então, tentaria inseri-lo na explicação mecânica universal, negando boa parte de suas potências ao reduzi-las ao mero funcionamento dos aparelhos que compõem cada organismo. Desse modo, o saber científico redefiniu o corpo humano: arrancando-o dos homens vivos para fazer do cadáver seu modelo e seu objeto privilegiado. Daí em diante, a intimidade corporal seria fatalmente colonizada: seu interior se desvelaria, dando-se início a um processo que hoje parece atingir seu ponto culminante com o deciframento dos genomas e a conquista do nível molecular graças às ferramentas digitais. No horizonte fáustico que caracteriza a este tipo de saber tão atual, porém, o projeto contempla a ultrapassagem de todos os limites que constringem a essa velha estrutura carnal, por meio da manipulação das informações genéticas, a reprogramação celular e a produção de vida nos laboratórios." Paula Sibilia Construir um homem pós-orgânico ? "projeto faústico" ? parece ser a vontade da nossa época. Fazer confluir técnica e vida com o álibi de fortificar o corpo e minguar seus desassossegos, mas sem lhe poupar dívidas nem acoplamentos aos fluxos acelerados e contínuos que são ativados pelos "biopoderes" atuais. Estamos no umbral de uma metamorfose que Paula Sibilia examina e interroga com interesse, serenidade e espírito alerta: a passagem de um mundo em que a máquina era princípio de ordem, potência e regularidade, para outro em que os seres humanos são compelidos a se sintonizar com o mecanismo de curvas e contracurvas do capitalismo global. Obsolescência ou atualização: tal é a disjuntiva, ou a cruz, imposta pelas forças titânicas que estão dando forma à vida. Sobrelevamos, então, uma transfiguração, cujas consequências se anunciam imensas e ainda desconhecidas, tão certas como iniludíveis. As ideias recebidas acerca da ética, da ciência, da tecnologia e da política se veem forçadas a ruir ou a se amoldar. O corpo, essa incômoda persistência abarrotada de mal-estares e sonhos de lonjura, agora mergulhado num campo de manobras ? que também o é de excitações e programação ? torna-se objeto experimental, e ninguém sabe ainda para quê. Sem rejeições apressadas nem entusiasmos incautos, mas com ânimo de elucidar e desentranhar, Paula Sibilia mostra a vida moldada como informação, uma nova metafísica que encobre os alicerces históricos e políticos da atual reorientação das coisas, e isso em nome de um anseio muito humano: a fuga da dor rumo a um corpo poderoso, elétrico, quase imunizado, um elixir para a autoestima. Trata-se de uma adequação propagada como automodelação, mas cujas inflexões ficam submetidas aos dúcteis comutadores da sociedade do controle. A autora deste livro empreendeu uma dupla tarefa, árdua e importante: fazer uma autopsia da época emergente e desnudar os mecanismos de saber e de poder que a tornam possível. Visto que o tempo concedido a um corpo é irreversível, ela nos lembra que perguntar é uma arma política, que há fendas em toda armadura e que a vida tem menos de teorema já resolvido que de possibilidade ainda não tentada. |
Comprimento | 23 |
Edição | 2 |
Editora | EDITORA CONTRAPONTO |
ISBN | 9788578661083 |
Largura | 16 |
Páginas | 248 |