Causa amante
Causa amante narra um encontro para o impossível entre Ana de Peñalosa e San Juan de La Cruz. Escrito em 1980 e publicado pela primeira vez em 1984, o livro projeta a ideia do nascimento de Ana e o convívio com uma literatura coberta de neve, nem diário nem natureza vã, mas uma transparência política para a composição severa de uma comunidade inoperosa. Maria Gabriela Llansol, como imaginava fazer em cada um de seus livros, escreve a impossibilidade de escrever ou, sobremaneira, mais radicalmente, a impossibilidade da escritura: Ana nasce entre a música e a caminhada que vem, a geografia imaterial da cidade de Lisboa e a condição feminina em meio ao poder sempre legado ao ser masculino, imperativo, adoecido e dedicado à vilania. A conversa de Ana de Peñalosa com San Juan gira em torno também das violências da Inquisição e da condição das mulheres na história.
Causa amante engendra as circunstâncias dessas mulheres de força que tanto interessaram a Llansol, como as beguinas, béguinages, com uma oscilação emprenhada à vida do que nomeia como mulheres-seres: “Há pessoas, sobretudo mulheres, que passam, de mão em mão, A Proclamação de Lisboa, escrita num papel que foi liso, mas está agora engelhado, ou dobrado. Quando saio vejo o rio, e não Alisubbo que procurava; quase me esqueci do que vim realmente fazer, e disponho-me a dizer-vos sem hipocrisia que às vezes me esqueço de que ides ser condenado, que vos puseram a ferros, e que a complexidade da justiça, e da injustiça, ultrapassa o poder de manter vigilante minha consciência, que já está dispersa.”
A literatura de Llansol é, o tempo todo, uma imensa abertura aos excluídos pelo poder, logo, pela história. Recuperar o sentido dos e das fora-da-lei que existiram e morreram sem abjurar, condenadas e condenados por quem continuamente domina. Causa amante se desenha entre passos e movimentos, uma caminhada silenciosa e diferida do texto, porém revolta, para tocar “as vítimas tão correntes”, “as vítimas têm correntes”.
Causa amante engendra as circunstâncias dessas mulheres de força que tanto interessaram a Llansol, como as beguinas, béguinages, com uma oscilação emprenhada à vida do que nomeia como mulheres-seres: “Há pessoas, sobretudo mulheres, que passam, de mão em mão, A Proclamação de Lisboa, escrita num papel que foi liso, mas está agora engelhado, ou dobrado. Quando saio vejo o rio, e não Alisubbo que procurava; quase me esqueci do que vim realmente fazer, e disponho-me a dizer-vos sem hipocrisia que às vezes me esqueço de que ides ser condenado, que vos puseram a ferros, e que a complexidade da justiça, e da injustiça, ultrapassa o poder de manter vigilante minha consciência, que já está dispersa.”
A literatura de Llansol é, o tempo todo, uma imensa abertura aos excluídos pelo poder, logo, pela história. Recuperar o sentido dos e das fora-da-lei que existiram e morreram sem abjurar, condenadas e condenados por quem continuamente domina. Causa amante se desenha entre passos e movimentos, uma caminhada silenciosa e diferida do texto, porém revolta, para tocar “as vítimas tão correntes”, “as vítimas têm correntes”.
Características | |
Autor | Maria Gabriela Llansol |
Biografia | Causa amante narra um encontro para o impossível entre Ana de Peñalosa e San Juan de La Cruz. Escrito em 1980 e publicado pela primeira vez em 1984, o livro projeta a ideia do nascimento de Ana e o convívio com uma literatura coberta de neve, nem diário nem natureza vã, mas uma transparência política para a composição severa de uma comunidade inoperosa. Maria Gabriela Llansol, como imaginava fazer em cada um de seus livros, escreve a impossibilidade de escrever ou, sobremaneira, mais radicalmente, a impossibilidade da escritura: Ana nasce entre a música e a caminhada que vem, a geografia imaterial da cidade de Lisboa e a condição feminina em meio ao poder sempre legado ao ser masculino, imperativo, adoecido e dedicado à vilania. A conversa de Ana de Peñalosa com San Juan gira em torno também das violências da Inquisição e da condição das mulheres na história. Causa amante engendra as circunstâncias dessas mulheres de força que tanto interessaram a Llansol, como as beguinas, béguinages, com uma oscilação emprenhada à vida do que nomeia como mulheres-seres: “Há pessoas, sobretudo mulheres, que passam, de mão em mão, A Proclamação de Lisboa, escrita num papel que foi liso, mas está agora engelhado, ou dobrado. Quando saio vejo o rio, e não Alisubbo que procurava; quase me esqueci do que vim realmente fazer, e disponho-me a dizer-vos sem hipocrisia que às vezes me esqueço de que ides ser condenado, que vos puseram a ferros, e que a complexidade da justiça, e da injustiça, ultrapassa o poder de manter vigilante minha consciência, que já está dispersa.” A literatura de Llansol é, o tempo todo, uma imensa abertura aos excluídos pelo poder, logo, pela história. Recuperar o sentido dos e das fora-da-lei que existiram e morreram sem abjurar, condenadas e condenados por quem continuamente domina. Causa amante se desenha entre passos e movimentos, uma caminhada silenciosa e diferida do texto, porém revolta, para tocar “as vítimas tão correntes”, “as vítimas têm correntes”. |
Comprimento | 21 |
Edição | 1 |
Editora | 7 LETRAS |
ISBN | 9786559057610 |
Largura | 14 |
Páginas | 192 |