O livro de Inês Barbosa de Oliveira traz uma importante tendência atual, no Brasil: contar sua vida profissional ligada a momentos da vida pessoal e eventualmente relacionada a momentos sociais e políticos, do país e do mundo, em geral. Essa tendência está presente nos memoriais de concurso para progressão funcional à professora/professor titular, inicialmente desenvolvidos nas universidades federais e, em seguida, em muitas universidades estaduais. A novidade - já que sua presença existia no antigo modelo dos concursos a titular - está em que passou a ser um documento importante, analisado por uma banca de docentes titulares, nos concursos atuais. O mesmo acontece no HDR (Habilitation à DirigerdesRecherches) a que Inês se submeteu na França, com brilhantismo.Os memoriais desses dois concursos - o de titular feito na Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e o HDR feito na Universidade de Rouen, na França - deram origem a este livro que, em sua segunda parte, traz textos inéditos, produzidos recentemente, no prosseguimento da trajetória que citamos, narrada na primeira parte.
Nessas histórias de 'docentespesquisadoras' de universidades brasileiras, vão sendo narradas outras histórias - diferentesda oficial, escritas em outro tipo de documentos - tanto das universidades no Brasil, como da Escola básica, no que se refere a muitos dos memoriais de docentes na área da Educação.
A grande maioria dessas/desses docentes foi docente de escolas tanto de Ensino fundamental quanto de Ensino médio e mostram a potência desse campo na criação de ações pedagógicas cotidianas que afetam a vida de milhares de crianças e jovens que frequentam - bem ou mal; regularmente ou por períodos - a Escola básica, com suas falhas, precariedades e tantas dificuldades, tanto para seus estudantes quanto para seus docentes.
Essa história que começa a ser escrita nesses memoriais precisa ser estudada em profundidade, pois vai nos permitir compreender - de forma muito mais real - o que foi/é/pode ser, de fato, a Escola básica no Brasil e a possível contribuição das pesquisas para tal.
O mesmo pode ser dito acerca da história cotidiana da Universidade no Brasil - longe do já estudado em documentos oficiais e em publicações de jornais. Há uma história potente cotidiana nas universidades brasileiras que nos começa a aparecer nesses memoriais e eventuais livros que surjam com apoio neles, como este que Inês Barbosa de Oliveira coloca à nossa disposição.