Povoemas e outras nascentes
Povoemas e outras nascentes
- Editora7 LETRAS
- Modelo: 9557399
- Disponibilidade: Em estoque
R$ 54,40
R$ 68,00
O começo preciosa gema é um dos versos deste livro de estreia da poeta e bailarina brasiliense Nadja Rodrigues de Oliveira. Dentre muitas outras coisas este é, também, um livro sobre gestar e sobre as diferentes formas de nascer e germinar.
Se a potência da semente geradora já está no próprio título: povo, ovo, nascentes, este carrega em seu bojo também a consequência lógica das coisas que são impulsos de vida: são também formas de morrer. Ao que nascer (e morrer) nunca é simples, Nadja nos conduz com sua voz ritmada e encantatória por seus versos elegantes até estarmos muito perto desses núcleos celulares que dançam, caem, amam, se quebram. São como feitiços da fluência que, embora tratem da dureza e da queda, são também macios e táteis. São eróticos.
Dentre as muitas imagens que o livro evoca, a visão da fresta é uma dessas que salta nos poemas. Esta pode aparecer em forma de janela semicerrada, peito que se abre, lábios, ostra ou ferida aberta. Em todo o caso, uma fresta é um lugar de onde se entrevê o outro lado. O ponto ambíguo onde uma coisa encontra outra, onde uma coisa é outra coisa. Onde o começo encosta no fim e as substâncias das coisas ainda parecem estar abertas, prontas para começar. Talvez seja porque são muito antigas, ancestrais de si mesmas, a verdadeira véspera.
Regressas do naufrágio e / trazes no corpo oferendas à vida / um punhado de contas nas mãos / flores concheadas ao ouvido / brotos brancos pavores doces / esqueletos mínimos no bolso
E como quem retorna da morte carregando seus ossos e suas pérolas, Nadja Rodrigues empilha suas palavras com a destreza e a sabedoria dos que dançam, sabendo que é preciso esforço para sustentar um movimento leve e delicadeza para carregar nas mãos o peso bruto do outro – o mínimo sinal do outro. É preciso paciência para entender o ritmo interno de uma palavra, seu temperamento arisco e as milhares de possibilidades de amálgama que ela pode engendrar. Nascer é imenso e estar vivo é impreciso. Cada palavra aqui é um continente obscuro, uma explosão originária.
Assim, a busca pela origem em sentido amplo, seja das palavras, dos gestos ou da própria vida, pode ser encontrada aqui a partir de alguns rastros que a autora deixa com suas referências. Fazendo ecos de Clarice, Freud, João Cabral entre outros fantasmas que sussurram em seu ouvido, – aqui eles não estão nem acima dos céus e nem abaixo da terra – ela nos mostra que estamos todos ao mesmo tempo. Nadja canta numa dicção própria, numa melodia que trama uma forma de permanecer. Assim como o ovo, rito de duração, objeto mítico, ela nos ensina que embora o ovo vele o vindouro, o ovo também é o dom da perda.
Se a potência da semente geradora já está no próprio título: povo, ovo, nascentes, este carrega em seu bojo também a consequência lógica das coisas que são impulsos de vida: são também formas de morrer. Ao que nascer (e morrer) nunca é simples, Nadja nos conduz com sua voz ritmada e encantatória por seus versos elegantes até estarmos muito perto desses núcleos celulares que dançam, caem, amam, se quebram. São como feitiços da fluência que, embora tratem da dureza e da queda, são também macios e táteis. São eróticos.
Dentre as muitas imagens que o livro evoca, a visão da fresta é uma dessas que salta nos poemas. Esta pode aparecer em forma de janela semicerrada, peito que se abre, lábios, ostra ou ferida aberta. Em todo o caso, uma fresta é um lugar de onde se entrevê o outro lado. O ponto ambíguo onde uma coisa encontra outra, onde uma coisa é outra coisa. Onde o começo encosta no fim e as substâncias das coisas ainda parecem estar abertas, prontas para começar. Talvez seja porque são muito antigas, ancestrais de si mesmas, a verdadeira véspera.
Regressas do naufrágio e / trazes no corpo oferendas à vida / um punhado de contas nas mãos / flores concheadas ao ouvido / brotos brancos pavores doces / esqueletos mínimos no bolso
E como quem retorna da morte carregando seus ossos e suas pérolas, Nadja Rodrigues empilha suas palavras com a destreza e a sabedoria dos que dançam, sabendo que é preciso esforço para sustentar um movimento leve e delicadeza para carregar nas mãos o peso bruto do outro – o mínimo sinal do outro. É preciso paciência para entender o ritmo interno de uma palavra, seu temperamento arisco e as milhares de possibilidades de amálgama que ela pode engendrar. Nascer é imenso e estar vivo é impreciso. Cada palavra aqui é um continente obscuro, uma explosão originária.
Assim, a busca pela origem em sentido amplo, seja das palavras, dos gestos ou da própria vida, pode ser encontrada aqui a partir de alguns rastros que a autora deixa com suas referências. Fazendo ecos de Clarice, Freud, João Cabral entre outros fantasmas que sussurram em seu ouvido, – aqui eles não estão nem acima dos céus e nem abaixo da terra – ela nos mostra que estamos todos ao mesmo tempo. Nadja canta numa dicção própria, numa melodia que trama uma forma de permanecer. Assim como o ovo, rito de duração, objeto mítico, ela nos ensina que embora o ovo vele o vindouro, o ovo também é o dom da perda.
Características | |
Autor | Nadja Rodrigues de Oliveira |
Biografia | O começo preciosa gema é um dos versos deste livro de estreia da poeta e bailarina brasiliense Nadja Rodrigues de Oliveira. Dentre muitas outras coisas este é, também, um livro sobre gestar e sobre as diferentes formas de nascer e germinar. Se a potência da semente geradora já está no próprio título: povo, ovo, nascentes, este carrega em seu bojo também a consequência lógica das coisas que são impulsos de vida: são também formas de morrer. Ao que nascer (e morrer) nunca é simples, Nadja nos conduz com sua voz ritmada e encantatória por seus versos elegantes até estarmos muito perto desses núcleos celulares que dançam, caem, amam, se quebram. São como feitiços da fluência que, embora tratem da dureza e da queda, são também macios e táteis. São eróticos. Dentre as muitas imagens que o livro evoca, a visão da fresta é uma dessas que salta nos poemas. Esta pode aparecer em forma de janela semicerrada, peito que se abre, lábios, ostra ou ferida aberta. Em todo o caso, uma fresta é um lugar de onde se entrevê o outro lado. O ponto ambíguo onde uma coisa encontra outra, onde uma coisa é outra coisa. Onde o começo encosta no fim e as substâncias das coisas ainda parecem estar abertas, prontas para começar. Talvez seja porque são muito antigas, ancestrais de si mesmas, a verdadeira véspera. Regressas do naufrágio e / trazes no corpo oferendas à vida / um punhado de contas nas mãos / flores concheadas ao ouvido / brotos brancos pavores doces / esqueletos mínimos no bolso E como quem retorna da morte carregando seus ossos e suas pérolas, Nadja Rodrigues empilha suas palavras com a destreza e a sabedoria dos que dançam, sabendo que é preciso esforço para sustentar um movimento leve e delicadeza para carregar nas mãos o peso bruto do outro – o mínimo sinal do outro. É preciso paciência para entender o ritmo interno de uma palavra, seu temperamento arisco e as milhares de possibilidades de amálgama que ela pode engendrar. Nascer é imenso e estar vivo é impreciso. Cada palavra aqui é um continente obscuro, uma explosão originária. Assim, a busca pela origem em sentido amplo, seja das palavras, dos gestos ou da própria vida, pode ser encontrada aqui a partir de alguns rastros que a autora deixa com suas referências. Fazendo ecos de Clarice, Freud, João Cabral entre outros fantasmas que sussurram em seu ouvido, – aqui eles não estão nem acima dos céus e nem abaixo da terra – ela nos mostra que estamos todos ao mesmo tempo. Nadja canta numa dicção própria, numa melodia que trama uma forma de permanecer. Assim como o ovo, rito de duração, objeto mítico, ela nos ensina que embora o ovo vele o vindouro, o ovo também é o dom da perda. |
Comprimento | 21 |
Edição | 1 |
Editora | 7 LETRAS |
ISBN | 9786559057399 |
Largura | 14 |
Páginas | 172 |