Técnicas do observador: visão e modernidade no século XIX

Técnicas do observador: visão e modernidade no século XIX

Técnicas do observador: visão e modernidade no século XIX

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Após quase duas décadas de sua publicação em inglês, "Técnicas do observador" continua cada vez mais atual. Escrito no contexto imediato da globalização, o ensaio de Jonathan Crary analisa os processos históricos que constituíram os modos modernos de se conceber a visão no século XIX, focalizando seus efeitos políticos e oferecendo, de passagem, valiosas pistas para se compreender o atual estatuto do olhar.

Na década de 1990, enquanto proliferavam os discursos apologéticos da "aldeia global" e o culto às novas tecnologias da comunicação, este livro, a contrapelo, revelava uma parte obscura da história da visualidade. Seu método consistiu em jogar luz sobre um conjunto de conhecimentos esquecidos, velhos aparatos técnicos e antigas instituições que, em determinado momento, conjugaram-se e produziram um sujeito observador inseparável das demandas da sociedade industrial.

Crary localiza no início do século XIX uma mudança de paradigma na ciência da visão, marcada pela emergência da óptica fisiológica. Um saber cujo modelo de "visão subjetiva" conferiu ao observador uma nova autonomia e, ao mesmo tempo, abriu caminho para normatizá-lo em termos de produção laboral e consumo visual. Para analisar esses processos da "modernização da visão", Crary apresenta uma série de discursos provenientes da filosofia e das ciências empíricas, bem como um novo regime de imagens técnicas, enfatizando a importância de certos dispositivos ópticos relacionados com os exames de persistência retiniana e a disparidade binocular, tais como o fenacistoscópio e o estereoscópio.

Deslocando-se das abordagens convencionas dos estudos da imagem e da história da arte, Crary não enfoca as transformações na representação visual para compreender as mutações do observador. Ao contrário, procura compreendê-las como efeitos de uma ampla reorganização dos saberes e dos poderes, que acabou modificando as capacidades produtivas, cognitivas e desejantes dos sujeitos modernos. Aqui, a visão é examinada em sua construção histórica: integrando certas práticas sociais, alicerçando e habitando determinadas instituições, deflagrando, enfim, certos modos de subjetivação e novas técnicas para administrar a atenção.

A leitura desta obra também suscita questões sobre as relações do observador com os novos conhecimentos sobre o corpo e as novas instâncias de poder. A partir da eclosão dos aparatos digitais, qual é o estatuto da visão e como ela opera nos procedimentos de subjetivação? De que modo indivíduos têm sido reduzidos à condição de "espectadores remotos" e interconectados nos fluxos de informação? Como pensar o observador hoje, enredado no universo on-line, impulsionado pelo ritmo non-stop e pressionado pela vida on-demand? Se o livro de Crary não responde diretamente a essas perguntas, ele oferece uma excelente inspiração para compreender os caminhos da imagem e da observação no mundo contemporâneo.
Características
Autor JANATHAN CRARY
Biografia Após quase duas décadas de sua publicação em inglês, "Técnicas do observador" continua cada vez mais atual. Escrito no contexto imediato da globalização, o ensaio de Jonathan Crary analisa os processos históricos que constituíram os modos modernos de se conceber a visão no século XIX, focalizando seus efeitos políticos e oferecendo, de passagem, valiosas pistas para se compreender o atual estatuto do olhar.

Na década de 1990, enquanto proliferavam os discursos apologéticos da "aldeia global" e o culto às novas tecnologias da comunicação, este livro, a contrapelo, revelava uma parte obscura da história da visualidade. Seu método consistiu em jogar luz sobre um conjunto de conhecimentos esquecidos, velhos aparatos técnicos e antigas instituições que, em determinado momento, conjugaram-se e produziram um sujeito observador inseparável das demandas da sociedade industrial.

Crary localiza no início do século XIX uma mudança de paradigma na ciência da visão, marcada pela emergência da óptica fisiológica. Um saber cujo modelo de "visão subjetiva" conferiu ao observador uma nova autonomia e, ao mesmo tempo, abriu caminho para normatizá-lo em termos de produção laboral e consumo visual. Para analisar esses processos da "modernização da visão", Crary apresenta uma série de discursos provenientes da filosofia e das ciências empíricas, bem como um novo regime de imagens técnicas, enfatizando a importância de certos dispositivos ópticos relacionados com os exames de persistência retiniana e a disparidade binocular, tais como o fenacistoscópio e o estereoscópio.

Deslocando-se das abordagens convencionas dos estudos da imagem e da história da arte, Crary não enfoca as transformações na representação visual para compreender as mutações do observador. Ao contrário, procura compreendê-las como efeitos de uma ampla reorganização dos saberes e dos poderes, que acabou modificando as capacidades produtivas, cognitivas e desejantes dos sujeitos modernos. Aqui, a visão é examinada em sua construção histórica: integrando certas práticas sociais, alicerçando e habitando determinadas instituições, deflagrando, enfim, certos modos de subjetivação e novas técnicas para administrar a atenção.

A leitura desta obra também suscita questões sobre as relações do observador com os novos conhecimentos sobre o corpo e as novas instâncias de poder. A partir da eclosão dos aparatos digitais, qual é o estatuto da visão e como ela opera nos procedimentos de subjetivação? De que modo indivíduos têm sido reduzidos à condição de "espectadores remotos" e interconectados nos fluxos de informação? Como pensar o observador hoje, enredado no universo on-line, impulsionado pelo ritmo non-stop e pressionado pela vida on-demand? Se o livro de Crary não responde diretamente a essas perguntas, ele oferece uma excelente inspiração para compreender os caminhos da imagem e da observação no mundo contemporâneo.
Comprimento 25
Edição 1
Editora EDITORA CONTRAPONTO
ISBN 9788578660529
Largura 18
Páginas 168

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